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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

A arte revolucionária de Vladimir Maiakovski

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Maiakovski (1893-1930) foi o maior poeta bolchevique russo. Sempre lutou junto aos trabalhadores, levando a arte a ser uma ferramenta para elevar a consciência de classe dos explorados e oprimidos.

Igor Barradas | Redação RJ


CULTURA – Após os comunistas revolucionários destruírem o capitalismo na velha Rússia czarista e construírem a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), várias filhas e filhos do povo obtiveram plenas condições de desenvolver suas habilidades que antes eram inviabilizadas pela sociedade burguesa.

Em uma sociedade que prezava a arte, a cultura e a literatura, milhares de poetas, artistas e escritores obtiveram pela primeira vez na história um amplo espaço para expor seus pontos de vista progressistas. Um dos casos mais conhecidos é o de Vladimir Maiakovski, que, após sua morte, em 1930, foi considerado por Stálin como “o melhor, o mais talentoso poeta da nossa época soviética”.

Origens proletárias

Maiakovski (1893-1930) foi o maior poeta bolchevique russo. Sempre lutou junto aos trabalhadores, levando a arte a ser uma ferramenta para elevar a consciência de classe dos explorados e oprimidos.

Suas origens são semelhantes às da maioria da humanidade. O artista proletário teve uma infância miserável. Nasceu numa pequena aldeia de Bagdádi, na Geórgia. Filho de camponeses pobres, Maiakovski tinha duas irmãs mais velhas, Liudmila e Olga. Após a morte do pai, em 1906, a família inteira muda-se para Moscou.

“Abríamos Marx como em nossas casas abríamos as janelas”

Antes mesmo de ter ocorrido a Revolução Russa, Maiakovski já havia aderido à militância revolucionária. Após tomar conhecimento da literatura marxista, ingressou na ala bolchevique do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), em 1908.

Rapidamente, demonstrou possuir uma grande firmeza, capacidade política e disposição ao trabalho, principalmente como agitador e propagandista. Por anos, atuou propagandista em uma célula distrital do Partido.

Maiakovski foi preso pelo regime czarista três vezes entre 1908 e 1909. Uma delas foi por gerenciar uma tipografia clandestina dos bolcheviques. Na prisão, organizou diversos motins, sendo transferido para quatro cárceres em um curto período de tempo. Na prisão de Butirka, passou onze meses em confinamento solitário na cela número 103, da qual foi libertado após onze meses.

Ao citar a luta revolucionária em seus versos, dizia que as obras de Marx o influenciaram profundamente para a resistência à prisão nesta época:

“Nós abríamos Marx

cada volume

como em nossas casas

abríamos as janelas.”

A prisão foi crucial para o seu desenvolvimento artístico e político. Maiakovski passava o tempo escrevendo poesias e lendo os clássicos da literatura, entre eles Dostoievski, Tolstoi, Gogol e Pushkin.

Maiakovski e seus pôsteres revolucionários. (Foto: Reprodução)

“A arte é um martelo para forjar o novo mundo”

Com a Revolução de Outubro de 1917, o poeta colocou seus tantos talentos a serviço da classe operária. Para coroar o fim da exploração do homem pelo homem e reorganizar a vida do povo sobre os princípios socialistas, não bastava a mudança somente na economia. Precisavam mudar também as ideias da sociedade.

As ideias e concepções de mundo das antigas classes exploradoras existiam a séculos. Portanto, era preciso que a literatura e a arte desempenhassem um papel central na transformação cultural, na educação e desenvolvimento da consciência revolucionária do povo soviético. “Meu Maio”, poema que Maiakovski escreve em homenagem ao dia dos trabalhadores, está entre as maiores composições do poeta russo e ilustra bem a poesia revolucionária:

“A todos

Que saíram às ruas

De corpo-máquina cansado,

A todos

Que imploram feriado

Às costas que a terra extenua –

Primeiro de Maio!

Meu mundo, em primaveras,

Derrete a neve com sol gaio.

Sou operário –

Este é o meu maio!

Sou camponês – Este é o meu mês.

Sou ferro –

Eis o maio que eu quero!

Sou terra –

O maio é minha era!”

De fato, era preciso criar uma nova arte. Dentro da sociedade socialista é gestada uma nova moral de classe, que rechaça o individualismo, egoísmo, violência inútil e a venalidade. Antes dos bolcheviques tomarem o poder, havia na Rússia czarista a moral dominante de que cada um deveria viver “no seu quadrado”, de que não há nada para lutar em vida, a não ser esperar pela morte.

Nos jornais, na arte, nos livros e nos filmes era retratado que os seres humanos deveriam ser indiferentes em relação ao coletivo e ao próximo e pensar somente em si mesmos. Por isso, o poeta produziu pôsteres, filmes e poemas políticos para refletir as novas relações sociais existentes que iam na contramão deste pensamento. Maiakovski afirmava sempre que a arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo.

Ao invés da exploração para enriquecer uma pequena minoria, a sociedade socialista soviética prezava pela harmonia. Estava sendo construída uma vida plena, que seria desfrutada por todos que antes eram explorados na sociedade. Havia, na arte, um forte ideal de solidariedade nacional e internacional dos trabalhadores.

“Do céu poético, me jogo ao comunismo”

Maiakovski foi, em vida, a figura mais eminente da cena literária soviética. Seus poemas predominantemente líricos e suas inovações técnicas influenciaram vários poetas soviéticos. Fora da Rússia, sua arte foi marcante, especialmente na década de 1930. Mesmo após sua morte, jovens poetas organizaram rodas de leitura de poesia sob a estátua de Maiakovski em Moscou.

Nos últimos anos da URSS, os revisionistas já haviam renegado os princípios fundamentais do socialismo revolucionário e assaltado o poder político das mãos do proletariado para entregar de bandeja para uma dúzia de dirigentes aburguesados. Após transformarem o Estado proletário em um Estado capitalista, a concepção da arte e cultura no país modificou-se.

Havia uma forte tendência de ver a obra de Maiakovski e o comunismo como retrógrados, datados e insignificantes. Entretanto, mesmo nesse período e nos dias atuais, muitos lutam para manter acesa a tocha do marxismo-leninismo e deste heroico poeta revolucionário.

“Regressai à casa, pensamentos.

Desposai-vos,

abismos d’alma e do mar.

Que acham tudo belo e bom

são,

a meu ver,

simplesmente uns tolos.

( … )

Eu,

do céu poético,

me jogo ao comunismo

porque sem ele

não há amor.”

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