“…Hoje, os estudantes estão se organizando, principalmente para dizer que Raquel Lyra precisa dar prioridade pra nossa educação pública, porque ao invés de pagar as tias da merenda, ela preferiu comprar novas viaturas para os policiais. Enquanto isso, nós estamos dentro das comunidades, sofrendo opressão e apanhando dessa mesma polícia que ganhou essas novas viaturas.” Kamila Nascimento
Hilsten de Barros | Recife-PE
EDUCAÇÃO – No dia 11 de outubro, foi realizado na Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães – ETEPAM, na Zona Norte do Recife, o 17° Congresso da ARES, a Associação Recifense dos Estudantes Secundaristas, entidade histórica na luta dos estudantes.
A mesa de abertura contou com a participação de representantes de diversos movimentos sociais, como Matheus Araújo, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Eduardo Lira, do Movimento Luta de Classes (MLC), Bia Fulco, do Movimento de Mulheres Olga Benário, Rafael Freire, da redação do jornal A Verdade, Vitória Ohara, do partido Unidade Popular. Estiveram presentes, também, representações das entidades estudantis do estado, Evandro José, atual presidente da União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (UESPE) e Jéssica Nathália, presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP).
Na fala de abertura, a até então presidente da entidade, Kamila Nascimento, falou sobre a importância de os estudantes lutarem pela melhoria de suas escolas: “nós precisamos de uma merenda de qualidade. Hoje estamos encontrando larva na merenda, encontrando tachinhas de botar em quadro de aviso na nossa alimentação, e que hoje os estudantes estão se organizando, principalmente, para dizer que Raquel Lyra precisa dar prioridade pra nossa educação pública, porque ao invés de pagar as tias da merenda, ela preferiu comprar novas viaturas para os policiais. Enquanto isso, nós estamos dentro das comunidades, sofrendo opressão e apanhando dessa mesma polícia que ganhou essas novas viaturas”.
Nos Grupos de Trabalho (GTs), foram debatidos diversos temas: combate ao racismo nas escolas, a pauta das mulheres estudantes, novo ensino médio e seus impactos para a educação, estrutura das escolas, ampliação do passe livre, combate à LGBTfobia, políticas de afirmação e inclusão nos colégios e formação e atuação dos grêmios estudantis. Além da discussão temática, cada grupo elaborou e encaminhou para a aprovação do plenário diversas propostas para cada eixo.
A plenária final aprovou as propostas que foram formuladas nos GTs e foi elaborado um documento com as principais demandas levantadas no Congresso, a fim de protocolá-lo nas Secretarias de Educação Municipal e Estadual pra que sejam atendidas. Também foi aprovado, por unanimidade, o dia 21 de outubro como dia de luta dos estudantes recifenses, para levar às ruas as reivindicações. “Nós estamos nos organizando pra dizer que a nossa educação vai ser prioridade, que os estudantes, hoje, do Recife, não vão dar sossego e vão continuar lutando, fazendo o que nós fizemos hoje, o que fizemos no começo do ano, ocupando o Palácio das Princesas [sede do Governo do Estado], e se ela [governadora] quer construir um novo governo, que ela desça daquele palanque e venha aqui conversar com os estudantes, para a gente dizer o que é que nós queremos e qual é a educação que nós vamos construir aqui no estado” defendeu Kamila Nascimento.
No final, foi votada a composição da nova diretoria da entidade para o mandato dos próximos dois anos, de forma que seja uma gestão representativa, com alunos das escolas de todas as regiões do Recife. A nova gestão é composta por 15 estudantes que foram eleitos para tocar os trabalhos da entidade nesse próximo mandato, tendo Maria Luiza, estudante do 2º Ano do Colégio de Aplicação da UFPE, como nova presidenta.