Condições degradantes de trabalho são comuns sob o regime capitalista, já que, nesse sistema, os donos dos meios de produção priorizam o lucro.
Caio Martins| militante da Unidade Popular
TRABALHADOR UNIDO|A Braspress é uma das maiores empresas de logística do Brasil, com 115 filiais espalhadas pelo país. A transportadora foi denunciada à Unidade Popular de Guarulhos por um de seus funcionários, e, neste texto, contaremos esse relato, que é só uma de várias histórias de condições degradantes e inaceitáveis de trabalho sob o sistema capitalista. Um nome falso será usado para preservar o anonimato da denúncia: o nome será Rogério.
O funcionário trabalha no complexo logístico conhecido como Planeta Azul, situado em Cumbica, na cidade de Guarulhos. Ele faz o serviço de arrumador de carga e de conferente.
Lá, os funcionários são intimidados a trabalharem até mais tarde sem serem pagos por isso, sob ameaça de demissão. Como os gerentes (os “encarregados”) dizem, os funcionários devem trabalhar “até a última caixa”. Antes, Rogério fazia essa hora extra não remunerada, mas se cansou disso e parou de fazer. Agora, é recebido com “cara feia” pelos encarregados. Ele também foi ameaçado de ser demitido por ter se recusado a trabalhar num domingo, sendo que, em teoria, ele só deveria trabalhar de segunda a sexta.
Rogério também relata que, anteriormente, a transportadora oferecia uma cesta básica por mês aos seus funcionários. Com a justificativa de redução de custos, a cesta básica foi substituída por um “auxílio” miserável de apenas 100 reais. Depois de um tempo, o “auxílio” subiu de 100 para 110 reais. 10 reais de aumento, que diferença admirável! Como se isso não bastasse, se o funcionário falta, por qualquer motivo, ele perde esse auxílio por 2 meses.
Rogério conta uma história: em certo dia, ele pegou um Uber para ir ao trabalho, e, por causa de um alagamento, ficou impossível de que o Uber chegasse à empresa. Ele esperava receber banco de horas por isso: infelizmente, na verdade o encarregado considerou isso como uma falta, e ele ficou sem seu auxílio por 2 meses.
Nos momentos em que um funcionário pede que o seu encarregado o demita, para que saia da empresa recebendo os seus direitos, a Braspress pode ficar segurando esse funcionário por 1 ou até 2 anos.
No estabelecimento, para almoçar, eles precisam se deslocar por uma área descoberta: nos dias de chuva, eles podem usar botas da empresa para fazer o trajeto. Acontece que essas botas são furadas, e os seus pés ficam encharcados. Rogério ainda conta que ficou sabendo que, antigamente, a empresa comprava botas de qualidade, e que começou a comprar botas de menor qualidade com a justificativa de que estavam “gastando muito” com a anterior.
Quando surge uma goteira, ou uma empilhadeira quebra, meses se passam até que esses problemas sejam resolvidos, e, quando não há empilhadeira que leve o material, são os arrumadores que fazem o trabalho que a empilhadeira faria. O banheiro dos “peões” da transportadora não conta com apoio para papel higiênico, e vaza água pela privada constantemente. Também, os trabalhadores às vezes têm de manejar cargas com produtos químicos tóxicos. Que ironia: ao mesmo tempo que a filial tem toda essa insalubridade, ela também conta com um heliponto em suas dependências. Outra ironia: a empresa não indeniza seus funcionários por insalubridade. Ora, o capitalismo é recheado dessas “ironias”!
Essa história não é um caso isolado. Condições degradantes de trabalho são comuns sob o regime capitalista, já que, nesse sistema, os donos dos meios de produção priorizam o lucro sobre qualquer outra coisa: QUALQUER outra coisa, inclusive outros seres humanos. Para garantir ambientes de trabalho limpos, seguros e realmente dignos para a classe trabalhadora, precisamos de um Estado em que apenas pessoas trabalhadoras tenham controle sobre as organizações: precisamos de um Estado socialista.