Criada em Curitiba durante a pandemia, a Liga de Futebol Antifascista é uma iniciativa encabeçada pelos times de várzea CF Estrela Vermelha e Locomotiva Makhnovista FSC na capital paranaense
Gabriela Torres | Redação Paraná
BRASIL – Qual a relação entre futebol e política? Para a Liga de Futebol Antifascista, ambos os debates não podem ser separados. Criada durante a pandemia, no fim de 2021, a Liga é uma iniciativa encabeçadas pelos times de várzea CF Estrela Vermelha e Locomotiva Makhnovista FSC na capital paranaense, e existe para construir uma agenda coletiva de jogos e promover a integração entre trabalhadores nos bairros e a luta antifascista.
Muito mais do que só um jogo
O futebol, para além do estereótipo de ferramenta de massa de manobra, é uma das formas de cultura e pertencimento entre os moradores das periferias e favelas do país, e por isso, é palco de disputa política na sociedade.
A Liga reafirma essa disputa e delimita o caráter popular do esporte, revive a figura de Carlos Caszely, atacante chileno que desafiou o fascista Pinochet na ditadura, nomeando uma das taças do campeonato promovido. Eduardo Galeano e Eric Cantona são outros nomes homenageados nas premiações.
“A Liga de Futebol Antifa não trata apenas de mero futebol, mas traz algumas obrigações mais, que refletem a identidade deste enlace: O futebol, o socialismo, a camaradagem, o antifascismo, o anticapitalismo, o antirracismo, a inclusão das minorias, a luta em favor dos movimentos sociais e contra qualquer manifestação de preconceito.”
O Jornal A Verdade entrevistou André, um dos organizadores da Liga Antifascista de Curitiba, para falar sobre a atuação do coletivo na capital paranaense.
Jornal A Verdade – Como a Liga de Futebol Antifascista nasceu?
André – A Liga nasceu, primeiramente, da nossa vontade de ter um bom ambiente para se praticar o futebol, para isso unir a esquerda pode tornar possível uma articulação dos setores progressistas a partir do esporte.
Em quais territórios e como vocês se organizam?
Basicamente, em Curitiba e com membros na região metropolitana, temos articulação fora da região, mas ainda sem uma atuação tão ampla.
Para vocês, qual a relação entre futebol e luta popular?
Não vemos a possibilidade de se fazer o trabalho de base sem a capacidade de mobilização que o futebol tem, o esporte seria a “cola” que une os diferentes segmentos da classe.
Em 7 de setembro de 2022 e no último dia 8 de janeiro, os fascistas tentaram abertamente um golpe militar no país. Na opinião de vocês, qual o papel das organizações comunitárias, movimentos sociais e partidos de esquerda?
Defender as instituições democráticas como forma de conter o avanço do fascismo, ao mesmo tempo construir uma unidade popular pelos direitos conquistados e buscar avanços de direitos no lugar da precarização.