Novembro começou com temperaturas de ao menos 5 °C acima da média em amplas áreas do Brasil, segundo o INMET, com capitais como o Rio de Janeiro com a sensação térmica recorde de 58,5 graus. Não se pode esconder os efeitos da crise climática no nosso dia a dia.
Caio Bessa | Macaé (RJ)
MEIO AMBIENTE – Além de ter afetado o bem estar humano em todo território brasileiro as ondas de calor estão apresentando problemas para a produtividade agrícola nacional atrasando plantios e ameaçando safra de soja e milho em 2024.
Segundo produtores, chuvas escassas e o aumento da temperatura mataram cerca de um quarto das mudas. E esse quadro tende a se repetir com a Coacen, a maior cooperativa agrícola de Mato Grosso, esperando que a área de plantio de sua próxima safra de milho seja de 10% a 15% menor.
A crise climática e o aumento da amplitude térmica ocasionam eventos extremas que prejudicam o crescimento das plantas não adaptadas e com a agravante alteração nos padrões de chuva e temperatura levam à redução da disponibilidade de água em lugares normalmente chuvosos, remodelando bacias hidrográficas inteiras deixando cada vez mais instável a produtividade da agricultura, bovinocultura e piscicultura que compõem a base alimentar nacional.
Na agricultura orgânica, a onda de calor afeta ainda mais severamente os pequenos produtores que são responsáveis por boa parte dos alimentos que estão na mesa dos brasileiros.
E mesmo com a importância dos pequenos agricultores, eles não são o foco de incentivos e facilidades para a compra de equipamentos e tecnologias para tornar suas lavouras resistentes às ondas de calor, afetando a produção de variadas cadeias. No setor de hortifrúti, por exemplo, grande parte dos alimentos produzidos são extremamente sensíveis a altas temperaturas. Afetando o sustento dos pequenos produtores e o encarecimento dos produtos orgânicos.
Além disso, alterações nos padrões de umidade e temperatura afetam os ciclos de floração e frutificação das plantas, influenciando na qualidade e quantidade de produção. Ondas de calor favorecem a reprodução e desenvolvimento de pragas nas plantações, intensificando os danos às colheitas e aumentando o uso de agrotóxicos que chegam em nossa mesa. Levando a desafios na agricultura e na segurança alimentar ao longo dos anos com eventos consecutivamente mais extremos.
Diminuição da produtividade agrícola e fome
Também há a diminuição drástica da produtividade agrícola, afetando a segurança alimentar não só dos brasileiros mas de todo o mundo. A escassez de alimentos resultante irá levar à fome em comunidades vulneráveis. Além disso, as secas prolongadas podem agravar ainda mais a situação, causando danos às colheitas e aos recursos hídricos, afetando principalmente o povo pobre e trabalhador.
Esse cenário crítico é resultado de vivermos em um planeta de recursos limitados e o sistema de produção capitalista requer produção de produtos longe do essencial para a maioria da população global, enquanto bilhões de pessoas não têm acesso ao básico para a sua sobrevivência. Esse fato por si só já escancara a irracionalidade, ineficiência social e o inevitável fim do sistema capitalista.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou na última semana seu primeiro prognóstico para a safra de 2024 levando em conta as anormalidades climáticas e estimou 308,5 milhões de toneladas em grãos, cereais e leguminosas. Caso se confirme, a produção deverá ser 2,8% inferior à deste ano, prometendo cenários cada vez mais alarmantes para o futuro.
Solução está no fim do sistema capitalista
Os animais também sofrem com as temperaturas excessivas. Além de afetar a qualidade de vida e o bem estar configurando maus tratos generalizado o estresse térmico é um dos fatores limitantes para a qualidade e quantidade da carne produzida. Respiração ofegante, aumento dos batimentos cardíacos e da necessidade de hidratação, além de sudorese. Com bovinos, suínos e equinos apresentando hipersalivação, vômitos e diarreias constantes.
A história nos mostra que quando as contradições sociais se agravam o povo se organiza para superar esta contradição. Caso contrário, a humanidade corre o risco de ser extinta.
A mídia burguesa aponta como solução para esse problema o consumo consciente, ignorando que é impossível haver um consumo consciente em um sistema de produção baseado na exploração e desigualdade. Na verdade, o socialismo é a única saída para a crise climática com a distribuição igualitária dos recursos e um sistema produtivo que se baseie nas reais necessidades da população.
A ineficiência do capitalismo já causou a morte de milhões de pessoas, como vemos diariamente pessoas vítimas da inanição em um país que ocupa o segundo lugar no ranking mundial de exportação de alimentos e irá causar a morte de bilhões por fome, seca e na luta por esses recursos. Lutemos juntos pelo futuro no presente, para revogar a iminência do apocalipse que o capitalismo nos promete.