Polícia militar despeja 120 famílias em acampamento do MST em Santa Catarina

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Na manhã de 21 de outubro o MST ocupou uma área devoluta da união de 600 hectares em Canoinhas (SC). Através da violência e com o objetivo de promover a imediata desocupação da área, que estava sendo usada de forma ilegal por latifundiários, a Polícia Militar despejou 120 famílias.

Gabriel Dreher | Canoinhas (SC)


LUTA POPULAR – Na manhã do dia 21 de outubro de 2023, cerca de 120 famílias cadastradas no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocuparam uma área de 600 hectares de terra devolutas da União, na localidade de Valinhos em Canoinhas (SC). O ato político tinha como objetivo a imediata desapropriação da área, que estava sendo usada ilegalmente por latifundiários, para ser destinada à reforma agrária.

As famílias foram recebidas por 3 seguranças fortemente armados, contratados pelo latifundiário e, pouco tempo depois da chegada, foram surpreendidos por uma forte ação da Polícia Militar das cidades de Canoinhas, Porto União, Mafra, São Bento do Sul, Lages, também sendo usados dezenas de viaturas e até helicópteros.

Segundo relatos de presentes no local, a polícia usou de violência para abordar e despejar as 120 famílias presentes no local, usando de gritos, humilhação, intimidação, chutes na perna, puxões de cabelo, sucessivas revistas e abordagens, além de apontarem armas na cabeça dos presentes. Todas as pessoas presentes no local passaram por revista pessoal pelos agentes militares, tiveram seus documentos e rostos fotografados.

Após esses acontecimentos, houve também a apreensão de 4 veículos (sob alegação de irregularidades), e a apreensão de suas ferramentas de trabalho como enxadas, facões, foices, pás e machados (que a polícia considerou como armas brancas).Foram algemadas 6 pessoas, incluindo um adolescente de 14 anos de idade, sem qualquer suporte legal. Nenhuma das pessoas apresentou tentativa de fuga, resistência à prisão ou risco à integridade física das próprias pessoas ou de terceiros. Entre as 6 pessoas que foram algemadas, 3 foram liberadas no local, os outros 3, considerados lideranças pelos policiais, foram levados à delegacia para prestar depoimentos. Segundo relatos a polícia estava querendo saber quem estava “patrocinando” a ocupação. A polícia liberou os 3 na mesma noite, mas apreendeu o celular de cada um.

A luta por terra e moradia é uma luta justa

O ato da ocupação repercutiu negativamente na cidade e arredores, tomando proporções nacionais e foi noticiado pela mídia local como uma “invasão da propriedade privada”, sendo que a terra que seria ocupada é devoluta da união. Em contrapartida da violência sofrida e abuso de poder por parte do corpo policial, o MST em conjunto com outros órgãos organizou um ato contra a violência policial, que será realizado no dia 4 de novembro, contando com participação de lideranças estaduais e federais.

É necessário que os movimentos de luta dos trabalhadores apoiem as famílias do MST, e os movimentos camponeses brasileiros, pois somente demonstrando solidariedade e unindo os trabalhadores do campo e da cidade que poderemos construir o socialismo brasileiro, e derrubar as amarras do capital e dos latifundiários.