Núcleo da UP em Portugal
Há cerca de um mês, Portugal testemunhou um dos maiores protestos de rua da sua história recente. Diversos movimentos e organizações convocaram a população, que compareceu em massa para lutar pelo direito à habitação. Presentes em 24 cidades do país, as manifestações deixaram claro que o pacote proposto pelo governo para contornar a crise não atende ao interesse da população. O núcleo internacional da Unidade Popular em Portugal esteve presente no ato do Porto, representando os trabalhadores brasileiros que também são afetados pela crise imobiliária.
Em resposta à crise, diversos movimentos surgiram pelo país, reivindicando condições de moradia justas. No Porto, o coletivo Habitação Hoje, que conta com a participação de militantes da UP, organiza brigadas de apoio a pessoas em situações de vulnerabilidade habitacional e constrói atos públicos em defesa do direito universal à habitação.
Maior dificuldade para os imigrantes
Para os imigrantes, encontrar uma moradia acessível é uma tarefa quase impossível. A maioria chega ao país desempregada e sem condições de arcar com os custos elevados que se praticam hoje. Outros ainda precisam preencher requisitos abusivos para poder conseguir uma moradia, como pagamento antecipado de três ou mais cheques-caução e a indicação de vários fiadores.
A dificuldade em encontrar uma moradia acessível tem levado imigrantes brasileiros a morar em situações precárias ou até mesmo pedir ajuda para regressar ao Brasil. De acordo com a Organização Internacional para as Migrações, da ONU, o número de brasileiros que pediu ajuda ao órgão para voltar para casa aumentou 300% em comparação com 2022.
O aumento da inflação e das taxas de juros, combinados com a explosão do turismo predatório, tornaram Portugal um alvo para especuladores financeiros, que encontram no setor imobiliário uma forma fácil para multiplicar seus lucros.
Assim, os problemas habitacionais foram severamente agravados no país nos últimos anos. Pessoas que tinham casas financiadas tiveram as prestações aumentadas para valores impagáveis e imóveis tiveram o valor dos aluguéis aumentados. Por outro lado, os trabalhadores não tiveram aumentos salariais capazes de acompanhar o crescimento do custo de vida. Como no Brasil, em Portugal a luta por moradia digna ganha cada vez mais importância na vida da classe trabalhadora.