Unidade Popular realiza 1º Encontro Nacional de Negras e Negros

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Redação


LUTA POPULAR – De 24 a 26 de novembro, Salvador recebeu a primeira edição do Encontro Nacional de Negras e Negros da Unidade Popular (UP). O evento reuniu líderes do partido de diferentes estados para discutir a política antirracista da UP e a criação de um movimento negro socialista e revolucionário no país. O encontro foi realizado na Bahia, que, recentemente, tornou-se o estado que mais mata em intervenções oficiais da polícia, superando, pela primeira vez, o Rio de Janeiro. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, as polícias na Bahia mataram 1.464 pessoas apenas em 2022. Neste mesmo estudo, foram divulgados os dados de que, a cada 100 mortos pelas balas da polícia no estado, 98 são negros.

A abertura do encontro contou com a saudação de Mãe Donana, líder do Quilombo Quingoma, o primeiro quilombo do Brasil, localizado em Lauro de Freitas (BA). Donana conta a história de resistência do quilombo, que luta desde 1569 pelo território e pela dignidade do povo preto. “O nosso povo lutou e luta até hoje pela liberdade. Enquanto o nosso povo preto, quilombola, da periferia, não conseguir virar esse jogo, a gente precisa lutar. Porque o capitalismo é a máquina de moer preto desde que os primeiros navios negreiros chegaram trazendo o nosso povo Bantu para cá”, afirmou a líder quilombola. 

Também participou como convidado da mesa de abertura Jurandir Wellington, filho da líder quilombola Mãe Bernadete Pacífico, brutalmente assassinada há três meses dentro do território quilombola (ver entrevista acima)

Programa antirracista e socialista

Durante a atividade, os militantes da UP presentes debateram a política do partido para o combate ao racismo em grupos de trabalho. Entre as pautas abordadas, surgiram discussões sobre a intolerância religiosa, a desmilitarização das polícias, encarceramento em massa do povo preto e pobre, luta por memória, verdade e justiça e contra o racismo ambiental. 

“É preciso acabar com a máquina de guerra armada contra o povo negro no Brasil em que se transformaram as polícias. Todas, sem exceção, têm práticas militares de extermínio de pretos e pobres na periferia, heranças da escravidão e da ditadura militar fascista no nosso país”, declarou Eslane Paixão, presidente estadual da UP na Bahia.

O conjunto de delegados aprovou um documento-base para a criação de um coletivo negro revolucionário e socialista da UP. “Como sabemos, o povo cubano é de maioria negra. Não existe nas Américas que o povo negro tenha melhores condições de vida do que em Cuba”, reiterou Leo Péricles, presidente nacional da Unidade Popular, na defesa do programa socialista para a libertação do povo preto.

Matéria publicada na edição nº 264 do Jornal A Verdade.