A luta antirrascista é, também, uma luta anticapitalista

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O racismo e o capitalismo são estruturas que exploram e oprimem o povo negro. A luta revolucionária do povo negro trabalhador é necessária para construir uma sociedade socialista, a única forma de acabar com a escravidão assalariada e o genocídio que persistem na sociedade contemporânea.

Augusto Costa | UJR Pernambuco


SOCIEDADE – Em toda a história moderna, o povo negro foi explorado, torturado, perseguido e brutalmente assassinado para a manutenção de um modo de produção baseado na exploração do homem pelo homem, seja esse modo de produção o sistema escravagista, onde tornava-se o próprio produto, sequestrado, transportado e vendido para que grandes latifundiários e aristocratas manufaturassem suas riquezas; seja no modo de produção capitalista, onde tornou-se proletário, sendo obrigado a vender sua força de trabalho aos burgueses para não morrer de fome. 

Porém, diferente do que se é ensinado nas escolas, a escravidão não acabou de verdade. Em 2022, apenas no Brasil, 2.575 pessoas foram resgatadas de trabalhos análogos á escravidão, em sua maioria no campo, e destas pessoas, 80% eram pretas ou pardas, em resumo, 80% delas eram negras

Diante de toda a história da sociedade moderna, o povo negro foi tratado como uma raça a parte da espécie humana, vivenciamos o apartheid sul-africano, a segregação racial dos Estados Unidos da América, as medidas de ‘”limpeza étnica” em todo o mundo, e até hoje o genocídio da população negra brasileira. 

Todos esses fatos vivenciados e inapagáveis da história humana levaram à criação de organizações empenhadas em lutar pelo fim do racismo, no entanto, poucas dessas organizações visaram ou visam atingir a raiz do problema: o capitalismo, sistema capaz de conservar ideologias das mais repulsivas desde que o lucro da classe burguesa seja mantido. Um grande exemplo dessas organizações que foram na raiz do problema do racismo, especialmente no coração do capitalismo, os EUA, foi o Partido dos Panteras Negras, fundado em 1966.

Para nós, comunistas revolucionários, a questão fundamental para o fim do racismo é a derrubada do sistema capitalista, sucessor do sistema escravagista e conservador de suas ideias. Como disse Huey Newton, membro fundador do Partido dos Panteras Negras; “O racista branco oprime as pessoas negras não apenas por razões racistas, mas porque também é economicamente lucrativo fazê-lo.” , e como evidenciou o glorioso Partido dos Panteras Negras, não é possível lutar realmente pelo fim do racismo sem lutar pelo fim da estrutura que o mantém de pé, o capitalismo. 

No berço desse sistema – Estados Unidos da América – o Estado burguês tudo faz para que a população negra, em sua maioria, seja encarcerada e utilizada para mão de obra escrava para o lucro da burguesia, método evidenciado no documentário A 13° Emenda”, produzido por Ava DuVernay. Na obra de Ava, além de demonstrar o método, são evidenciadas relações entre as prisões, a criação de leis para aumentar o encarceramento e o lucro dos grandes capitalistas.

Desse modo, se é lucrativo para os racistas serem racistas; se é lucrativo para os grandes empresários manter sua estrutura; se é o Estado burguês, que em defesa do lucro, conserva o racismo e suas ideias, cabe ao povo negro se organizar e lutar incansavelmente para a sua queda,  para a construção de um novo mundo, um novo modo de produção, uma nova moral. Em resumo, cabe a nós, lutarmos incansavelmente para a construção de uma sociedade socialista, pois, para acabar de vez com o racismo, que permeia a estrutura da sociedade atual, é necessário que a organização do povo negro acabe de vez com essa estrutura, é imprescindível que trabalhemos pela revolução que jogará ao chão de vez todo o racismo, genocídio e opressão aos nossos