Em resposta ao aumento da passagem, nova jornada de lutas é convocada pela juventude de São Paulo

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Assim como nos últimos anos em que tentou-se aumentar o valor da tarifa, imediatamente, entidades estudantis e movimentos que historicamente lutam pelo direito de acesso à cidade e ao passe-livre iniciaram a mobilização de uma jornada de atos pela revogação do aumento. Esses atos acontecem em continuidade à luta contra as privatizações encampada nos últimos anos.

João Gabriel | São Paulo


JUVENTUDE – início do período de férias escolares e recesso de final de ano, o ex-capitão e governador, Tarcísio de Freitas, anunciou o aumento da tarifa do transporte sobre trilhos de São Paulo. A passagem subiu de R$ 4,40 para R$ 5,00, tornando o gasto mensal – só em dias úteis – equivalente a um quinto do salário-mínimo atual. O herdeiro de Bolsonaro justifica o aumento em favor da “saúde financeira” das empresas que, junto da SABESP, estão na mira de seu plano de privatização.

Assim como nos últimos anos em que tentou-se aumentar o valor da tarifa, imediatamente, entidades estudantis e movimentos que historicamente lutam pelo direito de acesso à cidade e ao passe-livre iniciaram a mobilização de uma jornada de atos pela revogação do aumento. Esses atos acontecem em continuidade à luta contra as privatizações encampada nos últimos anos.

Para Gustavo Mattos, coordenador do MLC e do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, o aumento não é convertido em investimentos em estrutura ou para aumentar salários dos trabalhadores. Segundo ele: “o dinheiro da tarifa é revertido em investimento a partir da política de Câmera de Compensação, que, centraliza a arrecadação das empresas de transporte em São Paulo, e aloca quatro vezes menos recursos nas empresas públicas [Metrô e CPTM] do que nas empresas privadas [ViaQuatro e ViaMobilidade, pertencentes ao grupo CCR], essas últimas são responsáveis por apenas um terço do serviço de trilhos. Por isso o aumento não é justificado.”

O primeiro ato ocorreu na Av. Paulista, no dia 4/01, reunindo cerca de 2 mil estudantes convocados pelos principais DCEs, grêmios e centros acadêmicos. Mesmo debaixo de forte chuva os estudantes dialogaram ao longo do trajeto com a população mostrando a combatividade e disposição de fazer desse ano um ano de intensas mobilizações.

As lideranças estudantis lembraram que Tarcísio segue a cartilha de Bolsonaro – aplicando no estado o mesmo projeto fascista de privatizações, retirada de direitos e perseguição aos lutadores sociais.

“Em todos os atos que a juventude mobiliza em São Paulo um amplo aparato policial é mobilizado para impor através do medo as medidas como privatização, aumento da passagem, cortes da educação. Mas nós sairemos vitoriosos, porque organizados podemos enfrentar essas políticas e resistir à repressão, prisões e não iremos arredar o pé das ruas! Esse é o caminho para a vitória.” – Ressalta Danyelle Oliveira, diretora do DCE Livre da USP e militante da UP.

O segundo, no dia 10/01, centenas de militantes se reuniram novamente para cobrar à revogação do aumento. O ato convocado pelo Movimento Passe Livre, UJR e outros coletivos segue apontando que a rua é a única alternativa que o povo tem para derrotar não apenas o aumento da passagem e as privatizações, mas também toda a política fascista de Tarcísio de Freitas.

Notou-se um aumento drástico do aparato policial que, com as tropas de choque da Polícia Militar, estavam de prontidão a serviço do ex-capitão para reprimir os manifestantes. Além do policiamento ostensivo, os policiais revistaram os manifestantes que se aproximavam do ponto de encontro chegando a deter 25 manifestantes ainda antes do ato se deslocar. Os detidos já foram liberados e estão sendo acompanhados por advogados aliados aos movimentos.

Repetindo o mesmo roteiro da Batalha da Alesp, as forças policiais impediram uma intervenção simbólica com uma catraca velha gerando tensionamentos e potencializando o chamado para o próximo ato que ocorreu no dia 18/1.

Tarcísio manteve a ordem de repressão e de intimidação ao direito democrático de se manifestar, com  a forte presença das tropas de choque e com a Polícia Militar realizando a prisão de mais 7 pessoas que chegavam ao local da manifestação. O ato prosseguiu da Praça da República até a Consolação e dessa vez, ao final, os manifestantes conseguiram fazer a intervenção ao atear fogo na catraca, reivindicando o direito ao Passe Livre.  

No dia seguinte a luta continuou com manifestação em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, onde os lutadores aguardavam a audiência pública. A decisão foi pela liberdade provisória mediante fiança de R$1.000,00 para cada um dos cinco do detidos, sendo que dois foram soltos no mesmo dia do ato. Entre os detidos, um jovem da UJR, Matheus, conhecido como Paizin, jovem trabalhador da zona sul.

Diante do valor abusivo de quase um salário mínimo que foi aplicado à pessoas de baixa renda, a liberdade dos militantes foi conquistada através da mobilização e unidade de ação dos movimentos e sindicatos que conseguiram arrecadar o valor.

A ação repressiva evidencia à quem serve o aparelho de justiça e de proteção do estado, principalmente nas mão de um fascista como Tarcísio. Suas ações não intimidaram a juventude combativa que luta pelo direito à cidade e contra as privatizações, a jornada de lutas continua!