UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Mesmo com o fim das escolas militares, prefeituras fascistas tentam deixá las ativas

Outros Artigos

Educação cívico-militar nas escolas apenas atrasa o desenvolvimento da sociedade. Foto: Ana Amaral/Prefeitura de Parnamirim.

A prefeitura de Parnamirim continua escola cívico-militar atuando na cidade, indo contra decreto do Governo Federal. Professor da cidade relata o quão excludente o modelo é.

Lucas Fernandes De Moura | Natal (RN)


EDUCAÇÃO – Criado em setembro de 2019 por meio de decreto, o Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares começou a ser executado em 2020. Porém, em 21 de Julho de 2023 o governo Lula encerrou este decreto feito pelo governo Genocida do Bolsonaro, mas algumas prefeituras como a de Parnamirim, município do Rio Grande Do Norte, não vão encerrar as atividades destas escolas.

A prefeitura de Parnamirim informou que 651 estudantes estão matriculados atualmente na Escola Municipal Senador Carlos Alberto de Souza, a única no modelo cívico-militar no município. Através da assessoria, a prefeitura disse que, por não ter sido oficialmente comunicado do encerramento do programa, a escola seguirá o modelo neste momento e não há preparação para transição para outra forma de gestão.

As escolas que seguem esse modelo que é excludente e fascista, segue o plano conservador e preconceituoso, em que se aprende a antiga e ultrapassada ideia de moral e cívica. Parnamirim onde é um reduto de militares é um exemplo, onde que no segundo turno das eleições de 2022 o candidato derrotado Bolsonaro teve a vitória nesses redutos.

Para uma sociedade justa, o primeiro passo é a educação gratuita e plural. Não podemos aceitar esse tipo de metodologia de ensino, com a continuidade dessas escolas vamos dar um passo atrás, e o que nos resta é pedir que as prefeituras acabem com essas escolas. Deixar os pedagogos trabalharem, os professores livres e os militares de volta aos quartéis.

Com o intuito de aprofundar mais sobre o debate, foi realizada uma entrevista com um professor que atua numa escola militar em Parnamirim (RN), para evitar represália e pela segurança do entrevistado, a escola não será divulgada, assim como o nome dele, que ficará no anonimato.

A Verdade: Professor, como é o ambiente de trabalho? Você sente liberdade de ministrar a aula?

Professor: “Na hora da aula é tudo tranquilo, consigo dar a minha aula, porém não me sinto livre em ministrar algumas matérias, como por exemplo da ditadura militar, pois a coordenação passa um crivo nos livros didáticos, e agente acaba não passando muito os assuntos pertinentes a esse tema” .

Você deixa algum tema da disciplina de fora por conta da coordenação ou direção?

Professor: ”como falei antes, sem liberdade de ministrar a aula como eu planejava antes, acabamos deixando alguns temas com pouco conteúdo, por exemplo o tema “ ditadura militar de 1964” e passo por cima de temas importantes que queria ministrar da “era vargas”, como exemplo”.

Qual é a principal diferença em dar aula em uma escola tradicional para um colégio cívico militar?

Professor: “Nas escolas Tradicionais sigo uma linha paulofreiriana de ensino, sem uma educação bancária, já nas cívico militar é muito diferente, começa pelos atos cívicos que são muito frequentes e acho muito desnecessário, e sem falar ao ódio pelo paulo freire”

Como é a interação com os alunos ? Existe algum tipo de protocolo para lidar com os alunos?

Professor: “a relação é muito tranquila, nós seguimos uma cartilha de como agir em determinadas situações, que acabam ficando uma relação muito burocrática entre estudante e professor”.

Quais dificuldades você encontra dentro da sala de aula, com esse modelo vigorando?

Professor: “ com certeza as dificuldades são na hora do planejamento da aula, pois temos que ter muito cuidado para abordar determinados temas, como falei antes, e a interação com os professores e coordenadores que de maneira geral é muito complicado”.

Você já sofreu algum tipo de assédio moral ou algum tipo de violência, atuando como professor nesta escola?

Professor: “não, porém os professores não têm a liberdade de dar aula como querem, acaba se igualando a qualquer tipo de assédio moral”.

Qual é a sua opinião sobre a medida do governo Lula de encerrar as atividades do modelo do colégio cívico militar em 2023?

Professor: “muito pertinente o encerramento, pois tinha muita coisa errada, começando pelos diretores, que são militares sem nenhuma experiência na área de educação, ganham supersalários, não temos total liberdade de expressão, a escola é rodeada de militares que ficam julgando até o modo de me vestir, enfim foi muito bom o presidente lula encerrar, porém deve existir um plano de readequar o mais rápido possível essas escolas, ou realocar nos professores”.

E por fim, você é contra ou a favor desse modelo?

Professor: “por todos esses anos de magistratura, nunca tinha me deparado com um modelo tão excludente como esse, claro que existe país a favor desse modelo, mas para nós educadores é muito complicado, eu sou totalmente contra justamente porque não temos a liberdade de dar aula como sempre desejamos dar, e segundo as ideias de paulo freire essa educação deixa o oprimido mais oprimido ainda, desejo que tudo isso acabe logo”.

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes