A tortura foi registrada pelos próprios criminosos, que riam enquanto promoviam espancamentos e sufocamento dos jovens detidos com sacolas plásticas.
Gabriela Torres | Redação
BRASIL – Videos de policiais militares torturando moradores da cidade de Matelândia viralizaram nas redes digitais este domingo (21). A tortura foi registrada pelos próprios criminosos, que riam enquanto promoviam espancamentos e sufocamento dos jovens detidos.
O crime acontece em um contexto maior de violência e impunidade das autoridades. Os casos registrados de morte por violência policial no Paraná aumentaram 9,74% de 2021 para 2022, totalizando 417 mortes. A capital curitibana é a cidade com mais registros de morte por confronto no estado, seguido por Londrina e São José dos Pinhais, respectivamente.
O aumento dos casos de violência possuem uma relação direta com o perfil da população paranaense. O Paraná é o estado com maior população negra da região Sul do país, com 30% de autodeclarados como pretos e pardos – quase um terço da população. De acordo com o Fórum Anual de Segurança Pública, 72% dos homicídios no país, em 2022, foram de pessoas negras, e a população racializada ocupa 67,5% dos encarcerados hoje nos presídios.
Alguns dos policiais flagrados estão sendo investigados na Operação Bogotá – investigação que apura o envolvimento de agentes publicos em crimes como lavagem de dinheiro e tráfico de drogas na cidade de Maringá. A violência acontece permeada de ilegalidades, com a utilização de viaturas descaracterizadas. “Esses policiais não querem combater o crime, eles querem é cometer os seus próprios crimes impunemente, enquanto colocam miseráveis como esses do vídeo como bodes expiatórios para aplacar o desejo de ‘segurança pública’ de uma sociedade ignorante, odiosa e vingativa” opina Renato Freitas, militante do movimento negro e deputado estadual eleito para a ALEP durante as últimas eleições.
A falta de punição aos torturadores da ditadura militar fascista se expressa nas práticas da polícia contra os moradores de periferia, manchando de sangue a democracia parcial que satisfaz a socialdemocracia. A corporação se pronunciou alegando não ter conhecimento das filmagens e ter afastado o policial que aparece sorrindo no registro. O mandato do parlamentar Renato Freitas, porém, denunciou que o torturador sequer foi indiciado no Ministério Público, contradizendo a versão da Polícia Militar do estado.