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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Comunidade no centro de Salvador sofre com falta d’água há mais de uma semana

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Em mais uma tentativa de expulsar o povo do seu local de moradia para dar lugar ao lucro dos mais ricos, agentes do estado cortaram a água da comunidade Chácara de Santo Antônio. Famílias trabalhadoras com crianças não têm acesso à água potável há mais de uma semana para beber, cozinhar e limpar suas casas.

Maria Karolina e Isabella Tanajura | Salvador 


LUTA POPULAR – A comunidade da Chácara de Santo Antônio, localizada no bairro do Santo Antônio Além do Carmo no Centro Histórico de Salvador sofrecom a falta de água há mais de uma semana. A informação chegou ao A Verdade após militantes do Movimento de Mulheres Olga Benario visitarem a comunidade para o credenciamento de mães e crianças sem acesso à creche no bairro na última segunda-feira (5). 

De acordo com a Constituição Federal (CF) de 1988, o direito ao acesso à água potável é fundamental. A Organização das Nações Unidas (ONU) também afirma, desde 1977, que  “Todos os povos, seja qual for o seu estádio de desenvolvimento e as suas condições sociais e económicas, têm direito a ter acesso a água potável em quantidade e qualidade igual às suas necessidades básicas”.

Moradores contam ao A Verdade que não é a primeira vez que uma falta d’água generalizada acontece na comunidade. Diversas tentativas de cortar ou acimentar a tubulação que abastece toda a comunidade foram feitas por agentes do Estado. Na segunda-feira (5), ao tentar mitigar os danos causados pela falta d’água na comunidade e realizar a religação da água sem a assistência do estado, os moradores foram reprimidos com a chegada da polícia. Portanto, aqueles que deveriam assegurar o direito fundamental das pessoas ao acesso à água potável são os mesmos que negam esse direito. 

 

Lucro acima da vida 

Dessa vez a Prefeitura de Salvador, para abastecer o Forte de Santo Antônio Além do Carmo, neutralizou a tubulação hidráulica da comunidade. Isso resultou numa falta d’água que já dura uma semana. No Forte e em todo o bairro estão sendo realizadas grandes festas de Carnaval. A gentrificação do bairro, ou seja, encarecimento do custo de vida ao transformar um local que era prioritariamente para residência em centro de bares, restaurantes e espaços de alto padrão, é alvo de críticas por parte dos moradores do Carmo. Para a Prefeitura de Salvador e o governo do estado é interessante que este seja o novo bairro boêmio de Salvador, criando mais um circuito do carnaval da capital baiana e assim enchendo os bolsos dos empresários do turismo e indústria de bebidas alcoólicas. 

“Meu povo, minha casa tem seis crianças, tô sem água há uma semana e não tem condições de comprar água mineral para cozinhar e beber”, afirma moradora da comunidade ao A Verdade

Outra moradora da Chácara relatou com indignação  “Estou sem água há uma semana, não tenho água para cozinhar, não tenho água para lavar os pratos, não tenho água para jogar no vaso, não tenho água pra nada! Tenho criança dentro de casa e tenho que subir 180 degraus pra poder pegar água por que resolveram cortar nossa água. E tão achando que a gente é o quê? Bicho? Nem bicho…”

Não é novidade que o Estado apenas se importa com a garantia de direitos aos mais ricos. A situação das famílias é crítica e mostra que para a prefeitura de Salvador não importa se esteja ferindo direitos humanos básicos da população se existe vantagem para os mais abastados da cidade. 

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