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sábado, 4 de maio de 2024

Assembleias do DCE da UFRJ mobilizam luta pela recomposição orçamentária

A UFRJ hoje não tem orçamento para pagar as contas sequer do primeiro semestre. As assembleias puxadas pelo DCE em quatro campi aprovaram a construção de comitês locais de luta pela recomposição orçamentária.
Thiago Braile | Rio de Janeiro (RJ)*

Na última quarta-feira (27) o Diretório Central dos Estudantes Mario Prata da UFRJ realizou assembleias em quatro campi para pautar a situação orçamentária, as lutas locais e a greve na UFRJ. Nas quatro assembleias, acontecendo nos campi Fundão, Praia Vermelha, IFCS-IH e em Macaé, centenas de estudantes, mesmo em locais diferentes da universidade, posicionaram-se em apoio da greve dos trabalhadores técnicos administrativos em educação e a favor da construção de uma jornada de lutas pela recomposição orçamentária, através de comitês locais.

Ainda estão para acontecer as assembleias do campus de Duque de Caxias na segunda-feira (01/04), que será realizada online – devido à falta de aulas no campus em apoio ao pagamento dos salários atrasados dos trabalhadores terceirizados – e da Faculdade Nacional de Direito na terça-feira.

Situação orçamentária

A UFRJ, maior universidade federal do país, tem problemas orçamentários que não são de hoje. Os problemas estruturais que hoje mais se fazem sentir na universidade são, na verdade, precariedades antigas e nunca resolvidas. Com o passar das décadas sem reformas, o que era ruim e arriscado se tornou terrível e perigoso, como mostram o caso do Pamplonão da Escola de Belas Artes – hoje interditado por problemas estruturais – e a situação do prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e do Instituto de História que necessita de reforma elétrica e estrutural – onde, no ano passado, um ventilador caiu no meio de uma aula e um princípio de incêndio aconteceu em outra aula.

Não bastasse o descaso histórico dos governos do nosso país com a educação pública, os últimos dez anos, principalmente os anos dos governos de Temer e do fascista Bolsonaro, foram de muito sofrimento para a UFRJ. No entanto, mesmo no governo de Lula, que se elegeu com a promessa de que a educação seria prioridade, seguimos sem qualquer perspectiva de uma real recomposição orçamentária.

A reitoria da UFRJ já apresentou que com o orçamento do ano de 2024, não conseguirá pagar sequer todas as contas de funcionamento do primeiro semestre. Informa, também, que para fechar o ano com todas as contas pagas necessitaria de um suplemento de 176 milhões de reais e para custear as muitas obras emergenciais da universidade seria necessário o valor de 567 milhões de reais. Isto é, faltam 743 milhões de reais no orçamento da universidade para que ela funcione com água corrente nos banheiros e bebedouros, com luzes e ventiladores funcionando e com todos seus funcionários sendo pagos por seu trabalho. Falta essa verba, também, para que ninguém do corpo universitário, dos estudantes aos trabalhadores, corra risco de vida dentro dos campi, exercendo suas funções.

A mobilização avança

Diante desse cenário, é natural que surjam lutas para mudar essa situação. Além da greve dos técnicos administrativos pela recomposição salarial, os estudantes também vêm tocando lutas importantes nesse sentido.

Seja os estudantes dos cursos de Letras ou do campus de Duque de Caxias que tocaram diversos atos e mobilizações pressionando pelo pagamento do salário dos trabalhadores terceirizados e a volta de suas aulas, ou mesmo os estudantes da Escola de Belas Artes que decidiram em assembleia pela ocupação do antigo salão nobre da reitoria para substituir as atividades que tinham no Pamplonão, hoje interditado sem previsão de obras e retorno de atividades. Essas lutas refletem a elevação da consciência política dos estudantes da UFRJ com a compreensão de que só a luta muda a vida.

No entanto, com a situação atual da universidade, essas lutas são só o primeiro passo. Para alçar mobilizações cada vez mais amplas e participativas, as quatro assembleias ocorridas pela UFRJ na última semana decidiram pela adesão à construção de comitês locais. Esses comitês, organizados em cada prédio e instituto da universidade, irão pautar em suas reuniões as mobilizações específicas do local para denunciar a precariedade que vivemos e lutar pela recomposição do orçamento público da educação.

É hora de reerguer a UFRJ!

*Estudante de História e diretor do DCE Mario Prata da UFRJ

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