Jaqueline Silinske | Movimento Luta de Classes (MLC)
O jornal A Verdade entrevistou membros da Coordenação Nacional do Movimento Luta de Classes (MLC) que estão construindo a greve dos trabalhadores da educação pública federal. Os servidores técnico-administrativos em educação (TAEs) das universidades já entraram em greve e os trabalhadores dos Institutos Federais (IFs) decidiram também paralisar suas atividades a partir do dia 03 de abril. Foram entrevistados Helena Nara, diretora da Fasubra; Aroldo Félix, do Andes-SN; e Camila Félix, do Sinasefe-IFBA.
Mesmo após diversas reuniões com o movimento sindical, o Governo Lula apresentou o projeto de Orçamento para 2024 com reajuste zero para as categorias do setor, com previsão de 4,5% de reajuste para 2025 e 2026. Ainda cortou o orçamento, já escasso, das universidades, IFs e Cefets e da Capes. E, até o momento, não apresentou uma proposta de reestruturação das carreiras dos TAEs e dos docentes.
Por que os TAEs iniciaram uma greve nacional?
Helena Nara – Os TAEs são trabalhadores fundamentais para o funcionamento das instituições federais de ensino, mas temos a pior remuneração do serviço público federal. As perdas salariais da categoria, ano após ano, já acumulam mais de 50%, sendo que só tivemos um reajuste emergencial de 9% no ano passado. O Governo Federal ofereceu uma proposta que não chega nem perto de cobrir nosso déficit, além de condicionar a reestruturação da carreira a que não haja impacto financeiro.
Como está a construção da greve entre os docentes da base do Andes-SN?
Aroldo Félix – Os docentes, junto com os TAEs e demais servidores públicos federais, estão em negociação com o Governo Federal desde o início do ano passado. Apresentamos nossa pauta de reivindicações e uma proposta de recomposição salarial com base nas perdas salariais dos últimos sete anos. Após algumas rodadas da “Mesa de Enrolação”, a proposta apresentada no final do ano foi de reajuste zero para 2024. Essa falta de respeito foi reafirmada nas reuniões da Mesa com o governo nos dias 22 e 28 de fevereiro. Em meio a essa conjuntura, aconteceu o Congresso Nacional do Andes-SN em Fortaleza (CE), com a participação de mais de 600 docentes. Dentre os inúmeros debates realizados no Congresso, o que mais agitou o plenário foi o da construção da greve. Após calorosos debates e sobre a palavra de ordem “GREVE JÁ!” foi aprovada.
Qual a importância da greve para o serviço público federal?
Camila Félix – A educação pública federal tem sofrido com os constantes cortes orçamentários, fazendo com que não haja recomposição salarial aos trabalhadores, garantia de políticas de permanência aos estudantes, incentivo para pesquisa e extensão e garantia de condições para uma educação que seja, de fato, pública, gratuita e de qualidade. Nesse sentido, a greve é um mecanismo essencial dos trabalhadores para obter melhorias nas condições de trabalho, como em questões de segurança, benefícios e salariais. O Movimento Luta de Classes se coloca na vanguarda no processo de luta junto à base para, assim, fortalecer e garantir o direito da classe trabalhadora do nosso país. Fortaleça essa luta! Venha construir com o MLC!