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sábado, 21 de dezembro de 2024

Guarda Municipal agride trabalhador ambulante e apreende mercadoria em Salvador

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Com a pior taxa de desemprego do país há anos, o prefeito de Salvador Bruno Reis (União Brasil) oprime os trabalhadores ambulantes da cidade enquanto incentiva o empreendedorismo como solução individual para o resultado de sua péssima gestão.

Caio Mago | Salvador


TRABALHADOR UNIDO – Raul Neto, rapper conhecido como CaS, montou uma barraca para vender drinks alcoólicos no Santo Antônio Além do Carmo, bairro turístico no Centro Histórico da cidade de Salvador. Trabalhando honestamente, foi abordado pela Guarda Municipal, que quebrou sua mesa, jogou as frutas no chão, confiscou o material que usava para preparar as bebidas, o agrediu com mais de três tapas na cara e o ameaçou com a arma de choque sem medo das câmeras que filmavam a ação. Na filmagem, é possível ver Raul desesperado: “Minha mercadoria, véi, minha mercadoria! Eu sou trabalhador, eu não sou ladrão não, véi!” 

“No momento da abordagem, eles já vieram retirando tudo, jogaram as frutas no chão, pisaram, danificaram minha mesa que eu tinha comprado há um dia, disseram que eu estava armado porque estava com a faca que uso para cortar as frutas, eu ia cortar fruta no dente? Não tem como”, relatou o artista em entrevista à TV Bahia.

Prática comum 

O caso de Raul não é isolado. No dia 13 de março, a Guarda Municipal confiscou a mercadoria de outro trabalhador que vendia água na Praça Maria Felipa, próxima ao Elevador Lacerda, ponto turístico da cidade. Na ocasião, o trabalhador pediu socorro a uma viatura da Polícia Militar, que como de costume ignorou o crime cometido pelos guardas, que torturaram o rapaz durante três horas com arma de choque, agressões físicas e sexuais:

“Os guardas já chegaram alterando tudo, xingando, dando palavrão, ameaçando. Aí, eu fui gravar com o celular, eles pegaram e ficaram com mais raiva porque eu gravei. E aí começaram a me agredir, me torturaram, me espancaram. Me levaram lá para a Ladeira da Montanha também, me mandaram pegar [nas partes íntimas deles]. Me bateu, me agrediu muito. Foi tiro de choque, foi murro. Foi tapa, foi cacetada”, relatou.

Diante da pior taxa de desemprego do país inteiro, a cidade de Salvador proíbe e tortura aqueles que buscam um sustento sem passar pelo burocratismo imenso que a prefeitura impõe aos que querem se regularizar enquanto trabalhadores ambulantes. Por outro lado, os grandes empresários, que financiam as campanhas eleitorais, manipulam a opinião pública e exploram os trabalhadores para aumentar suas fortunas, são tratados com todo o respeito possível pela gestão do município, que facilita o acesso aos terrenos imóveis, licitações e usa do dinheiro arrecadado do povo para perdoar suas dívidas.

Prefeitura humilha e destrata povo trabalhador da cidade

O exemplo mais gritante dessa contradição é o Carnaval, festa popular da qual a prefeitura se aproveita para transformar a cidade em um grande empreendimento para os capitalistas. Os donos dos camarotes, blocos e trios elétricos conseguem fácil regulamentação de suas atividades, enquanto os trabalhadores ambulantes precisam dormir na rua durante semanas para garantir a realização do cadastro e uma boa localização no circuito. Quando se levantam diante de tamanha injustiça, esses trabalhadores são reprimidos com toda a violência possível, a exemplo da bomba atirada pela Guarda Municipal durante as manifestações em fevereiro de 2023, nas quais o Movimento Luta de Classes (MLC) esteve presente.

As reincidentes agressões da prefeitura de Salvador à trabalhadores ambulantes da cidade, em sua maioria pessoas negras, reforça uma herança maldita da escravidão, falsamente abolida pela caneta para impedir que as repetidas revoltas do nosso povo resultassem na queda do sistema de opressão vigente na época.

Ao mesmo tempo, nossa população é empurrada para as periferias e para o transporte público sucateado, para que o centro seja exclusividade dos hotéis de luxo e do capital turístico.

Para derrotar de uma vez por todas essa minoria de famílias parasitas que nos oprime e nos faz questionar se devemos continuar vivos, precisamos nos organizar. Construir núcleos de luta, novas ocupações, denunciar os crimes que o Estado e os ricos cometem todos os dias e construir uma nova sociedade, um novo mundo.

Somente com a derrubada do sistema capitalista teremos uma sociedade moldada aos interesses de quem nela produz, uma sociedade onde o trabalho funcione não para o lucro de uma minoria, mas para a nossa vida e o avanço da humanidade.

Salvador para o povo trabalhador! Chega de opressão!

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