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domingo, 22 de dezembro de 2024

Na França, um 8 de março sem conciliação de classes

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Com uma presença massiva da classe trabalhadora nas diversas manifestações do 8 de março espalhadas por todo o país. Apesar das importantes lutas nacionais, o apoio às diversas lutas internacionais ocupava enormes proporções nos cortejos. Contamos com movimentos e coletivos de apoio às mulheres palestinas, afegãs, curdas, iranianas, turcas e latino-americanas.

Diogo Pereira | Paris, França


MULHERES – No dia 8 de março, centenas de milhares de trabalhadores protestaram por toda França na ocasião do dia internacional dos direitos da mulher. Um conjunto composto de várias dezenas de organizações, coletivos, sindicatos e partidos de esquerda convocaram manifestações em toda a França sob o nome “Greve feminista”.

A chamada do movimento contava com lutas:

  • Solidariedade com as mulheres do mundo todo principalmente com aquelas que se encontram em contexto de guerra;

  • Oposição às políticas reacionárias e à extrema-direita como um todo, seguido da palavra de ordem: Revogação da lei de imigração (lei aprovada no final do ano de 2023 que precariza como nunca a situação de vários imigrantes) e regularização de todos os não-documentados;

  • Aumento de salários e de todos os auxílios sociais e construção massiva de moradias sociais;

  • Revogação da reforma da previdência que estende a idade mínima de aposentadoria e penaliza desempregados;

  • Criação de serviços públicos dedicados à pequena infância e à perda de autonomia;

  • Um real financiamento às lutas contra violências sexistas, sexuais e contra a discriminação da população LGBTQIA+ e PCD.

Esse 8 de março se realiza durante um contexto político altamente turbulento na França. O presidente Emmanuel Macron anunciou no começo do ano que, diante da baixa natalidade do país nos últimos anos, era necessário preparar um pacote de medidas para um “rearmamento demográfico”.A escolha de um vocabulário bélico não foi à toa, pois, desde então, a França anunciou um aumento de engajamento no conflito ucraniano, incluindo a possibilidade de enviar tropas francesas no terreno e continua com um posicionamento tímido diante do massacre da população em Gaza pelo Estado Sionista de Israel.

Alguns dias antes do 8 de março, o governo decretou uma emenda constitucional que foi midiatizada como “Aborto, um direito constitucional francês”, uma estratégia visando uma certa conciliação com a esquerda. Porém, é importante relembrar a mídia burguesa que a tal emenda não garante direito algum, ela somente reafirma que o aborto não é criminalizado na França. As únicas ações que o governo tomou nos últimos anos em relação ao aborto foi o fechamento de clinicas[1] e garantir a ausência de financiamento para a formação de profissionais da saúde na questão.

Como resultado tivemos uma presença massiva da classe trabalhadora nas diversas manifestações do 8 de março espalhadas por todo o país. Apesar das importantes lutas nacionais, o apoio às diversas lutas internacionais ocupava enormes proporções nos cortejos. Contamos com movimentos e coletivos de apoio às mulheres palestinas, afegãs, curdas, iranianas, turcas e latino-americanas.

O caráter internacional dessas lutas demonstra que, apesar das diferenças políticas, culturais e geográficas, o capitalismo segue agindo da mesma maneira mundo afora e somente a união e combate da classe trabalhadora pode por um fim a esse regime avassalador.

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