No último dia 27, a Unirio realizou mais uma sessão de seu Conselho Universitário, aprovou, após manifestação do Diretório Central dos Estudantes, em conjunto com o Diretório Acadêmico Wilma Mello e diversos estudantes, exigindo memória, verdade, justiça e reparação, realizou a diplomação póstuma de Lúcia Maria de Souza, Elmo Corrêa e Luiz Renê Silveira e Silva, da antiga Escola de Medicina e Cirurgia, que tombaram lutando na Guerrilha do Araguaia e não puderam concluir seu curso.
Lunna Normande e Matheus Travassos | Rio de Janeiro
BRASIL – No último dia 27, a Universidade Federal do estado do Rio de Janeiro realizou mais uma sessão de seu Conselho Universitário. Após o ínicio do conselho o DCE Lúcia Maria de Souza em conjunto ao Diretório Acadêmico Wilma Mello e diversos estudantes estavam em ato exigindo memória, verdade, justiça e reparação, punição exemplar a todos os torturadores e envolvidos com o golpe fascista de 1964, em descomemoração aos seus 60 anos, que acontecem no dia 1° de abril.
Após uma performance organizada pelos estudantes, na qual tinham como personagens os 3 estudantes da Unirio assinados pela ditadura militar Elmo Correa, Luiz René Silveira e Silva e Lucia Maria de Souza, na qual comoveu todo o conjunto de conselheiros, o ato seguiu com a leitura de uma carta pelos diretores do DCE. Além de denunciar a colaboração da instituição com o regime (através de seus reitores, docentes e técnicos e discentes), exigiu a Diplomação Póstuma de Lúcia Maria de Souza, Elmo Corrêa e Luiz Renê Silveira e Silva, da antiga escola de medicina e cirurgia, que tombaram lutando na Guerrilha do Araguaia e não puderam concluir seu curso.
A carta exigia também a concessão de título de Doutor Honoris Causa a Edival Nunes da Silva, o “Cajá”, estudante de Ciências Sociais da UFPE, um dos últimos presos políticos da Ditadura Militar Fascista. Cajá foi solto graças a mobilização do Movimento Estudantil, conseguindo na época deflagrar uma greve geral, que começou em seu curso e comoveu todo o Brasil, chegando até o sul e denunciando as violações de direitos humanos internacionalmente.
Ao fim da leitura da carta, os conselheiros estudantis solicitaram que a pauta fosse aprovada e aclamada pelo Conselho Universitário, que aprovou todos os 3 itens por unanimidade, com aplausos de pé.
Uma comoção tomou conta do espaço. É a primeira vez em toda a sua história que a Unirio se levanta para apurar esses casos, logo após uma era sombria de intervenção na universidade articulada pelo antigo governo do fascista Bolsonaro.
“A gente não pode se iludir achando que o fascismo acabou. [….] O que aconteceu há 4 anos atrás não foi mera coincidência com o fato de que até hoje os torturadores, os que corroboraram e corroboram hoje com discursos fascistas permanecerem impunes. Hoje, por exemplo, a Polícia Militar utiliza técnicas de tortura que foram aprendidas durante a Ditadura Militar, a luta do movimento estudantil é para que aas universidades tenham sua autonomia universitária e o fim da lista tríplice para que não se ocorra o obscurantismo que ocorreu nos últimos 4 anos dentro da UNIRIO com interventor aliado de Bolsonaro” relatou um dos diretores do DCE ao fim da aprovação da pauta.
Hoje a universidade faz uma demarcação política contra o avanço dos discursos de ódio no Brasil e no mundo. A luta contra esses agentes em nossos espaços e a disputa política com os setores da sociedade são partes importantes da luta para varrer o fascismo dos espaços que ele ainda permanece.
A UNIRIO a partir da pressão estudantil poderá se tornar uma referência na luta por memória verdade, justiça e reparação mostrando o verdadeiro caráter de todas as homenagens feitas em placas, faixas e salas que nomeiam torturadores e suas famílias, urge a necessidade da troca do nome da praça em frente da universidade que leva o nome do irmão do último ditador e fundador da UNIRIO Guilherme Figueiredo.