Nos dias 13 e 14 de abril, na cidade de Urutaí, o Movimento Correnteza participou do 38º Congresso da União Estadual dos Estudantes de Goiás.
Gabriel Henrique | Coordenação Estadual do Movimento Correnteza GO
Participando pela primeira vez do CONUEE-GO, o Correnteza levou uma delegação
eleita no ano passado, nos processos eleitorais do CONUNE, para levar a política e a
combatividade ao espaço do Congresso. Com intervenções nos debates, diálogos com
os estudantes e defesa de teses, a presença do Correnteza foi crucial para politizar e
qualificar o conteúdo do CONUEE, bem como para mobilizar as delegações, rumo a
construir o movimento estudantil goiano para além do Congresso.
A União Estadual dos Estudantes de Goiás (UEE-GO) é a entidade máxima de
representação dos discentes de universidades públicas e privadas do estado. Fundada
há mais de 70 anos, a entidade tem como função lutar pelos interesses dos
estudantes. Com a última gestão tendo sido eleita durante a pandemia, muito do
potencial de luta da UEE-GO foi desperdiçado durante o mandato, sendo expressiva
a ausência e o imobilismo da direção da entidade.
Com o intuito de aproveitar o momento de disputa no Congresso, o Correnteza
mobilizou diversos estudantes para participar do CONUEE e pautar a mudança do
modo como a UEE vem sendo dirigida pela força majoritária, a mesma que hoje
preside a União Nacional dos Estudantes. O Congresso, que havia sido marcado
inicialmente em setembro de 2023, foi remarcado unilateralmente por três vezes, o
que dificultou a organização e a participação dos estudantes e causou o visível
esvaziamento da cena do CONUEE. Além disso, em que pese a necessidade de
interiorizar a presença do ME para além das capitais, o fato da data definitiva do
Congresso ter sido anunciada com menos de um mês de antecedência, praticamente
impossibilitou qualquer participação estudantil massiva no evento.
Apesar disso, o Movimento Correnteza, maior força de oposição no Congresso,
conseguiu levar uma bancada composta por estudantes de várias cidades do estado e
de várias realidades universitárias diferentes. Durante o evento, a então direção da
entidade tentou dificultar a participação do Movimento de diversas formas. Sem
cumprimento da programação estabelecida, estrutura precária de alojamento,
ataques à presença da oposição nos debates e defesas de tese, agressões verbais,
entre outras. Ainda, o processo de retirada de crachás foi marcado pela falta absoluta
de transparência, com nenhum controle em relação à legitimidade dos delegados e as
universidades que estudam. O abuso de poder chegou a níveis críticos, com
delegações compostas por estudantes secundaristas e agressão física contra a
militância do Correnteza no processo de credenciamento.
Mesmo diante de tais absurdos, a bancada do Correnteza participou e pautou o
debate sobre qual UEE queremos para o próximo período. Também, foi aprovada
uma moção de solidariedade a Sarah Domingues, militante do Movimento
Correnteza assassinada no Rio Grande do Sul, momento no qual a delegação do
Correnteza levantou cartazes em homenagem à companheira.
O Movimento Correnteza foi o responsável por levar o debate sobre a democracia
interna da entidade, da prestação de contas financeiras, sobre uma UEE dos
estudantes e não dos interesses políticos partidários do único grupo que a preside há
anos, por uma UEE de luta e combativa e que seja capaz de liderar as lutas do
movimento estudantil goiano.
Ao final do Congresso, conquistamos uma cadeira na executiva e duas cadeiras no
pleno. Uma vitória dos estudantes!
Os estudantes de Goiás merecem muito mais! Os problemas enfrentados nos
Institutos Federais, na UFG, na UEG e nas faculdades privadas são graves e não
serão solucionados com esse modo de atuação ultrapassado e que afasta os
estudantes! Continuamos na luta em defesa de uma entidade democrática, de luta,
transparente e combativa!