Servidores ocupam as ruas por recomposição salarial e valorização das carreiras

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Milhares de trabalhadores do serviço público federal foram às ruas em todo país para reivindicar recomposição das perdas salariais, que chegam a 50% de inflação acumulado no IPCA em algumas categorias. Os atos também exigem recomposição orçamentária para funcionamento dos órgãos públicos que prestam serviços à população.

Esteban Crescente | Rio de Janeiro (RJ)*


Trabalhadores da Educação em greve são maior parte da mobilização, maior ato ocorre no Rio de Janeiro.

Na última quarta-feira (03), milhares de trabalhadores e trabalhadoras do serviço público federal foram às ruas em todo país para reivindicar recomposição das perdas salariais, que chegam a 50% de inflação acumulado no IPCA em algumas categorias. Os protestos foram convocados pelo Fórum Nacional dos Servidores Públicos (Fonasefe).

O maior ato ocorreu na cidade do Rio de Janeiro com mais de mil e quinhentas pessoas ocupando a Avenida Rio Branco, em um forte protesto que dialogou com a população nas ruas com panfletos, carro de som e palavras de ordem. 15 sindicatos convocaram o protesto no Estado.

As perdas no poder de compra dos servidores são fruto, em especial, dos anos de governos Temer e Bolsonaro, que congelaram os salários e se negavam a negociar com os sindicatos dos servidores federais, que somam aproximadamente 800 mil pessoas em todo país (contando os aposentados). Com muita luta, no ano de 2023 o movimento conquistou 9% de reajuste emergencial em negociação com o governo Lula, porém as perdas acumuladas são muito maiores sobre a condição de vida do setor.

Os atos também exigem recomposição orçamentária para funcionamento dos órgãos públicos que prestam serviços à população. O congelamento dos investimentos nestas áreas também se aprofundou no Governo Temer com o chamado “Teto de Gastos”, que foi mantido e reforçado pelo governo do Fascista Bolsonaro.

Trabalhadores da Educação Federal em Greve!

O segmento que está mais mobilizado na luta do Serviço Público Federal são os chamados Técnicos Administrativos em Educação – TAE, que trabalham nas universidades públicas, hospitais universitários, institutos e colégios de educação técnica federal. Constroem uma greve nacional que se iniciou no dia 11 de março, em primeiro momento nas universidades por orientação da Fasubra (federação que representa os TAE nestas instituições). A partir de 03 de abril os TAEs dos Institutos iniciaram sua greve por orientação do Sinasefe (sindicato nacional na base), além disso entraram na greve os professores destas instituições de nível médio e técnico.

Os TAEs são maior parte dos servidores federais com 18% da força de trabalho somando 200 mil entre ativos e aposentados, mas tem a pior média salarial. Por isso, iniciaram uma forte mobilização nacional que tem como pauta principal a valorização da carreira, justamente para compensar esta grande desigualdade na malha salarial com outros setores.

No protesto do dia 03 de abril as bases de TAEs das diversas instituições de ensino foram para as ruas demonstrar para população a importância de seu trabalho. Enquanto o governo e o Congresso Nacional não apresentam uma solução para a pauta da categoria, vemos Arthur Lira e o centrão destinarem valores recordes para emendas parlamentares para uso de interesse eleitoral e fisiológico. Além disso, o orçamento federal segue com quase 50% destinado aos bancos e setor financeiro por meio do Sistema da Dívida Pública (veja mais em auditoriacidada.org.br).

Além dos TAEs, os professores das universidades debatem a necessidade de uma greve para reaver suas perdas e exigir melhores condições de trabalho e estudo nas instituições federais. O Andes — sindicato nacional dos professores das universidades — orientou deflagração de greve em abril.

Movimento Luta de Classes fortalece a luta e cresce como alternativa dos trabalhadores

Durante o protesto no centro do Rio era notável a força do Movimento Luta de Classes (MLC) com bandeiras, distribuição de panfletos do movimento e coleta de assinaturas no abaixo-assinado. Uma faixa do MLC dizia “Servidores Sim, Banqueiros Não, Fora Lira, Centrão e Golpistas”. Além disso, foi realizada brigada do Jornal A Verdade com apoio da militância da Unidade Popular.

Em todo país o MLC atua nas bases Fasubra, Sinasefe, Andes e demais sindicatos de servidores ganhando simpatia pela combatividade e espírito de unidade para enfrentar os interesses contrários ao dos servidores. O MLC também politiza o processo com denúncias sobre os setores golpistas que tramam contra as liberdades democráticas no país e fortalecendo a propaganda as ideias socialistas junto a luta sindical.

No protesto de 03 de abril falas de militantes do MLC que atuam nas direções sindicais orientaram a luta: “Estamos nas ruas porque o único caminho para arrancar vitórias é a mobilização coletiva, frente a disputa orçamentária que temos com o arcabouço fiscal do governo que manteve a lógica do Teto de Gastos”, disse Raul Bittencourt Secretário Geral do Sindisep RJ (Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Rio de Janeiro).

Vanessa, coordenadora da Assines (sindicato de Instituto Nacional de Surdos), também afirmou que “A nossa luta é para que as instituições de ensino consigam cumprir seu papel de garantir oportunidades e direitos para a população em especial a mais pobre”.

Esteban Crescente, Coordenador-geral Sintufrj (Sindicato dos trabalhadores da UFRJ), ainda afirmou que: “Estamos neste protesto dialogando com a classe trabalhadora, pois é justa toda a luta por reajuste das perdas salariais frente a inflação e piora da qualidade de vida nos últimos anos com Reformas Trabalhistas e Previdenciárias promovidas por governos anti-povo que retiraram direitos”.

O MLC atua nos sindicatos de servidores federais no Rio fortalecendo a coesão de um Fórum Estadual de Servidores que convoca os protestos de rua.

*Coordenador-geral do Sintufrj.