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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Movimento Olga Benario constrói abrigo para mulheres vítimas das inundações no RS

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Abrigo para mulheres criado pelo Movimento de Mulheres Olga Benario em Porto Alegre (RS) completa uma semana. Mulheres abrigadas encontram acolhimento, solidariedade e apoio na reconstrução da vida após as inundações.

Nana Sanchez | Porto Alegre


MULHERES – Desde o dia 9 de maio, a população do estado do Rio Grande do Sul tem enfrentado grandes desafios decorrentes da exploração capitalista da natureza. As inundações já levaram a morte de 161  gaúchos e 85 estão desaparecidos. Ao todo, mais de 2,2 milhões de pessoas foram afetadas pelas enchentes e mais de 617 mil pessoas estão fora de suas casas e 77.199 estão em abrigos, segundo a Defesa Civil do RS. 

Em meio ao caos e destruição, diversos relatos de violência contra mulheres e crianças ficaram evidenciadas nos abrigos. Referência no RS e no Brasil em combate à violência contra as mulheres, o Movimento de Mulheres Olga Benario foi acionado para o acolhimento e abrigo deste público específico. Contudo, a Casa de Referência Mulheres Mirabal, local construído pelo citado Movimento, foi uma das inúmeras residências da Zona Norte de Porto Alegre que ficaram embaixo d’água, tendo que ser evacuada. 

A partir da demanda e da perda temporária de nossa Casa, construímos um abrigo na Zona Leste da Capital, na Escola Estadual Ibá Ilha Moreira. Na instituição, atuam companheiras das Associações de Moradores da CEFER 1 e 2 que produzem alimentação para dezenas de famílias que perderam tudo nas enchentes. Foi a união dessas mulheres, junto com a comunidade escolar, que possibilitou a criação deste abrigo.

Shirley, que está abrigada e era moradora do bairro Rio Branco em Canoas, cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre, conta que saiu de casa no dia 3 de maio. Cuidadora de uma idosa, ela chegou ao nosso abrigo de mulheres apenas com uma muda de roupas, um tênis e documentos, após ficar uma semana morando de favor na casa de desconhecidos.

Na sua chegada, no dia 13 de maio relatou: “serei sempre grata por vocês terem me acolhido. Nunca vou esquecer. Quero reconstruir minha vida e não sei por onde começar, mas vocês estão me apoiando e eu agradeço muito.”

Assim como Shirley, milhares de mulheres buscam perspectiva mesmo após perder tudo que tinham, fruto de anos de trabalho. 

Ketlin Bastos, que também está no abrigo de mulheres, vem do bairro Arquipélago, da Ilha das Flores em Porto Alegre. Ela estava com sua filha no abrigo da Brigada Militar e pediram para vir para um abrigo só com mulheres. Ao ser entrevistada, Ketlin revelou que no abrigo de mulheres “as pessoas não estão apenas doando coisas materiais, mas sim, doando energia e muito carinho.” 

No último dia 18, foi realizada a primeira plenária no abrigo para apresentar o Movimento de Mulheres Olga Benario. A plenária contou com 30 mulheres. São psicólogas, professoras, cozinheiras, estudantes, enfermeiras, mulheres que atuaram em outros abrigos, mas que, ao saber que a Casa de Referência Mulheres Mirabal havia organizado um abrigo, resolveram se organizar em um movimento combativo e consequente. Neste mesmo dia, recebemos uma trupe de palhaçaria que fez com que pudéssemos sorrir e lembrar que a vida e a luta não param.

Para a semana, receberemos ainda a Orquestra Villa-Lobos de Porto Alegre, além de realizar a reunião de núcleo do abrigo do Movimento de Mulheres Olga Benario.

Construir um abrigo não é tarefa fácil. Receber mulheres que sofreram a violência machista e/ou a violência do Estado, do frio, da fome e da enchente exige um preparo profissional que a equipe de mulheres da Mirabal tem. Estamos trabalhando para que as mulheres sintam-se participantes na construção do abrigo, tenham atividades lúdicas, físicas e intelectuais e fortaleçam o sentimento comunitário. 

A verdade é que os abrigos organizados por trabalhadores e trabalhadoras, movimentos sociais e sindicatos são mais organizados e acolhedores que os organizados pelos governos. O motivo? As atuais gestões neoliberais do governador Eduardo Leite (PSDB) e do prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo (MDB) defendem o fim da assistência social e a privatização dos serviços públicos, diminuindo a quantidade de pessoas e recursos destinados a estas áreas, tão essenciais para o povo trabalhador. Os servidores públicos destas áreas estão esgotados, trabalhando dia e noite para atender, arrecadar doações, distribuí-las, cadastrar pessoas e mapear as principais necessidades, que são muitas.

O que este recente episódio de enchente evidencia é que a organização popular é muito importante para nossa sobrevivência no sistema capitalista. Evidencia também que este sistema não tem mais nada para nos oferecer. O liberalismo falhou. O neoliberalismo também. O socialismo é a única alternativa para aqueles e aquelas que constroem uma sociedade justa, boa e melhor para o mundo.

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