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sábado, 22 de junho de 2024

Estudantes de design se mobilizam em apoio à greve da educação federal em todo país

Estudantes de design em todo o país estão mobilizados em apoio à greve dos técnicos e docentes, defendendo a educação pública e pressionando por soluções para os problemas que afetam as universidades.

João Montenegro | Recife


JUVENTUDE – Em um esforço conjunto contra a precarização das condições de trabalho e infraestrutura das universidades públicas, entidades estudantis de design têm promovido importantes ações em todo país apoiando a greve nacional dos docentes e trabalhadores técnico-administrativos em educação (TAEs) do ensino superior. As ações demonstram a força e o engajamento dos designers, que estão lutando por seus direitos e por uma educação pública de qualidade.

Designers de Santa Catarina se mobilizam em defesa da greve

O Centro Acadêmico de Design e Design de Produto da Universidade Federal de Santa Catarina (CADe UFSC) destacou-se na liderança dessas iniciativas, mobilizando a comunidade acadêmica e organizando uma série de atividades culturais e educativas.

Desde o início da greve dos TAEs, em 11 de março, o CADe UFSC tem trabalhado incansavelmente para unir estudantes, professores e técnicos em prol da valorização da educação pública. A precarização das condições de trabalho e infraestrutura na UFSC é um problema crônico, com salas de aula deterioradas, laboratórios sem materiais e prédios em estado crítico. Em resposta, o CADe UFSC tem realizado assembleias estudantis, promovido debates e a criação de grupos de trabalho a fim de manter a mobilização contínua.

Uma das principais ações ocorreu em 5 de abril, quando a entidade convocou uma assembleia que resultou na aprovação do estado de greve para os cursos de Design e Design de Produto. Esse movimento culminou em diversas atividades engajadoras, como mutirões de limpeza, oficinas de zine, intervenções urbanas e performances artísticas.

A mobilização também envolveu uma reunião aberta com o reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, em 16 de abril, onde se discutiu a necessidade urgente de reparos na infraestrutura do Centro de Comunicação e Expressão (CCE). A comunidade acadêmica teve a oportunidade de expressar suas preocupações e cobrar melhorias concretas, fortalecendo a pressão por ações efetivas da reitoria.

Mobilizações em Pernambuco

Em Pernambuco, o movimento estudantil de design também mostrou força. No Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), os estudantes e coordenação do curso de Design aderiram à greve em 11 de abril, desde então vem promovendo debates, exibições de documentários, oficinas e sorteios. 

Como um dos motes das ações é não deixar a universidade vazia, as atividades são abertas a todos os interessados em contribuir e visam transformar a greve em um momento pedagógico e democrático, conscientizando os estudantes, técnicos e professores sobre a importância da universidade pública. As ações grevistas também resultaram em uma parceria recém-anunciada entre a editora Clube do Livro do Design e a Gráfica-Escola do curso, que será responsável pela impressão de “Automação e autonomia: dois ensaios sobre design”, por J. Dakota Brown, uma publicação de caráter anticapitalista sobre o campo do design. A importante parceria serve para incentivar a formação prática e o debate crítico entre os estudantes.

Ainda em Pernambuco, no dia 23 de abril, o Diretório Acadêmico de Design da Universidade Federal de Pernambuco (DADe UFPE) realizou uma Assembleia Extraordinária em que os estudantes aderiram à greve estudantil como forma de apoio às mobilizações dos técnicos e docentes.

Com a greve aprovada, o DADe se comprometeu a organizar atividades para manter a mobilização, como reuniões de formação, oficinas, debates e atos públicos. Um Comando de Greve foi formado, permitindo a participação de todos os estudantes interessados na organização e divulgação das atividades.

O diretório também convocou os estudantes a participarem do Ato Nacional Unificado em Defesa das Universidades, Institutos Federais e CEFETs, realizado no dia 9 de maio contra as políticas neoliberais de sucateamento e privatização da educação pública.

Estudantes demonstram zelo pela universidade na Bahia

Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), o Centro Acadêmico Unificado da Escola de Belas Artes (CAUEBA) liderou a mobilização com reuniões e atividades culturais, incluindo o Mutirão pelos Espaços de Convivência, que visou revitalizar os espaços utilizados pelos estudantes. O mutirão contou com doações de móveis e recursos para a compra de materiais.

O CAUEBA também promoveu performances, protestos criativos, oficinas de zine, intervenções urbanas e uma feira de trocas. Essas atividades visam não apenas a mobilização, mas também a ocupação criativa dos espaços da universidade, reforçando a importância da arte e da cultura como formas de resistência.

CoNE promove articulação a nível nacional

Em âmbito nacional, o Conselho Nacional dos Estudantes de Design (CoNE), fórum em que entidades estudantis de design de todo Brasil deliberam sobre diversos assuntos, realizou uma Assembleia Geral Extraordinária em 19 de maio. No evento, além da renovação da Mesa Coordenadora do fórum, foi discutida a situação enfrentada pelas entidades de design e a necessidade de um calendário de greves a nível nacional. Representantes de diversas universidades compartilharam suas experiências e desafios, destacando a importância de eventos como palestras, oficinas e mobilizações para fortalecer o movimento estudantil de design. 

Ainda foi discutida a possibilidade de elaborar uma carta nacional sobre as causas da greve, a atual conjuntura política e a necessidade de mobilização estudantil. Também foi enfatizada a necessidade das entidades de design realizarem assembleias regionais para articular atos e ações grevistas.

Além do apoio à greve dos técnicos e docentes, a mobilização estudantil tem sido um pilar fundamental na luta pela recomposição orçamentária e melhoria das condições de ensino, pesquisa e extensão. As ações promovidas pelas entidades de design refletem a determinação dos estudantes em defender a universidade pública e garantir uma educação de qualidade para todos. A união e participação ativa de todos os designers são essenciais para enfrentar os desafios impostos pelas políticas neoliberais de austeridade que visam destruir a universidade pública.

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