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domingo, 22 de dezembro de 2024

A importância da brigada para a militância coletiva

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Em uma rotina que mistura panfletagens, visitas a fábricas e feiras, e organização de brigadas, a militância de Carpina demonstra seu compromisso com o trabalho do jornal A Verdade.

Paulo Fernando | Carpina – PE


JORNAL – “Quem põe a mão no arado, não pode mais voltar atrás. Essa é uma passagem bíblica musicada no ano de 1985 e trata justamente da relação do homem com a terra. O arado, instrumento utilizado para preparar o solo para receber as sementes para o plantio, foi uma tecnologia fundamental para a subsistência da humanidade enquanto espécie. Arar a terra, aliás, é um trabalho estreitamente coletivo e precisa ser feito com muita atenção. Enquanto um controla a ferramenta, outro coloca as sementes na terra, que recebe por outras mãos a água para se desenvolver, a terra, o adubo…

É com essa ilustração que a militância de Carpina, cidade da Zona da Mata Norte de Pernambuco, conduz dedicadamente o trabalho com o Jornal A Verdade, especialmente as brigadas, o auge das atividades dos companheiros que dirigem o sindicato dos calçados na cidade e militam no Movimento Luta de Classes. O jornal A Verdade acompanhou e registrou a atividade desses companheiros.

“A brigada é o melhor dia da semana” 

Wilmar Fidelis trabalha e milita no Recife, onde passa a sua semana, geralmente acordando sempre nas madrugadas para garantir as panfletagens nas portas das fábricas, a visita aos trabalhadores nas garagens da limpeza urbana do Recife e região metropolitana, além de garantir a participação e organização dos militantes junto ao Movimento Luta de Classes, onde ele atua há mais de 15 anos. No sábado pela manhã Wilmar também acorda cedo, mas para outra atividade, que ele nos conta a seguir:

“Eu saio do Recife na sexta-feira, fim de tarde. Às vezes sou eu quem leva os jornais para Carpina. Eu moro no Bairro Novo e vou andando até a feira, que é onde a gente faz as brigadas, que a gente aqui chama de Sábado Vermelho. Fazer a brigada na feira é sempre bom, pois é um momento onde a gente encontra as pessoas, muitas de outras cidades do entorno como Glória do Goitá, Nazaré, Lagoa do Carro, várias que já conhecem o trabalho da gente, da UP, e vamos conversando com os trabalhadores. Pra mim é o melhor da semana quando tem a brigada com o jornal”. 

Já Paulo, responsável pelo trabalho com o jornal no município conta o quanto esse trabalho é importante para ele:

“Eu pego o jornal, levo para o sindicato, e já começo o trabalho de separar as cotas para cada brigadista, as cotas individuais e já vou reforçando e confirmando todo mundo para as brigadas. Quando algum companheiro não pode participar da brigada eu levo na fábrica pra eles ou vou na casa. A gente faz a brigada na porta da fábrica, com um carro de som, na feira pública, no comércio do centro e na praça central da cidade. A gente se divide em equipes e sai fazendo a brigada. Também fazemos na entrada da Falub, a faculdade aqui do município. Nós também colocamos o Jornal em duas bancas em Limoeiro, cidade vizinha daqui, que inclusive tem vendido nosso jornal. Enquanto os outros jornais físicos estão deixando de ser publicados o nosso tem sido bem recebido por aqui”. 

Manoel Pedro, trabalha na Alpargatas, fábrica de calçados de Carpina, e é um militante atuante no MLC e no sindicato. Ele conta para o Jornal A Verdade sua experiência com as brigadas e sua importância:

“Para a brigada a gente se encontra na Praça Joaquim Nabuco. A gente centraliza Alguns informes do jornal, lê uma matéria da edição atual, faz umas fotos para registrar a atividade e em seguida se divide, em dupla ou trio e sai ofertando o jornal entre os feirantes, as pessoas que estão na feira, falando individualmente, no boca a boca, fazendo a agitação. Quando tem o carro de som ou uma caixinha a gente se reveza fazendo as falas, enquanto os outros companheiros seguem vendendo duas cotas. Tem companheiro com muita timidez, mas esse é uma hora onde a gente vai treinando, até pra falar na frente da fábrica, com os trabalhadores. Essa hora da brigada ajuda bastante nisso. Pra gente perder o medo. Esse é o bom da brigada: a gente aprende junto”.

Entre os compradores do Jornal A Verdade na região está o senhor Manoel Barbosa da Silva, de 63 anos, vendedor no Mercado Público de Carpina, que há 15 anos compra o jornal aos brigadistas. Carpina trabalha com 150 jornais por quinzena e é uma referência quando se trata da prestação de contas, as cotas individuais e as brigadas coletivas, mantendo o ritmo e a disciplina esses anos todos com a agitação e a propaganda, mesmo com a maioria dos companheiros tendo que cumprir expediente na fábrica e as questões pessoais como famílias e filhos.

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