O Pantanal sofreu com incêndios de grandes proporções, a maior parte associada à ação humana. Ao mesmo tempo em que o lucro se concentra nas mãos de um punhado de ricos do agronegócio, os impactos são sofridos pelo povo trabalhador, em especial as comunidades tradicionais.
Fernanda Cristina (DF), Hellen Kristini Nantes (MS) e Rafaela Bittencourt (MS)
BRASIL – Nas últimas semanas, o bioma Pantanal sofreu com incêndios de grandes proporções, a maior parte associada à ação humana. A situação fica ainda pior devido aos extremos climáticos que afetam a região. Mas é preciso nomear os culpados por essa crise severa: os grandes latifundiários, aqueles que sustentam o agronegócio no nosso país. O agro (que de pop não tem nada) é sinônimo de destruição do meio ambiente e acumulação de riqueza à custa de milhares de trabalhadores e trabalhadoras.
O agronegócio tem crescido cada vez mais e batido recordes de produção. Em 2023, as exportações fecharam com US$ 167 bilhões em vendas, tendo sido exportadas 193 milhões de toneladas de grãos. Ou seja, intensa produção para servir à exportação, e não ao combate à fome no nosso país.
Ao mesmo tempo em que o lucro se concentra nas mãos de um punhado de ricos do setor, os impactos são sofridos pelo povo, em especial as comunidades tradicionais. Um dos principais problemas é a grilagem, uma prática empregada tanto para camuflar crimes ambientais quanto para finalizar o processo de desmatamento.
Pantanal
E o Pantanal é palco dessa destruição, principalmente nos últimos quatro anos. Até novembro de 2023, 947 hectares deste bioma foram consumidos pelas chamas. Em 2024, nos primeiros sete meses do ano, 760 mil hectares já foram queimados, o que representa 5% de toda sua área. Para agravar a situação, a região vive a pior estiagem dos últimos 70 anos, algo já previsto. Mas, ainda assim, similar ao que ocorreu no Rio Grande do Sul, as providências foram insuficientes ou inexistentes. Anualmente, o Governo Federal estabelece períodos de proibição do uso do fogo, porém, as queimadas persistem, o que revela que não há fiscalização suficiente.
O município mais afetado foi Corumbá, no Mato Grosso do Sul, que bateu recordes de desmatamento. Os moradores da cidade relatam os impactos que vêm sofrendo com as queimadas, principalmente os danos à saúde de crianças e idosos. “As aulas de educação física nas quadras esportivas das escolas foram suspensas e evitamos também atividades ao ar livre”, afirma a coordenadora de Educação Infantil Mariana Duarte, 31 anos. Benedito Duarte, 63 anos, que trabalha na construção civil, sofreu o impacto com a fumaça tomando conta da cidade. “A respiração exige muito do físico da gente, muito esforço. À noite, a gente sente como se fosse garoa no rosto. Teve dias que escureceram mais cedo e o cansaço toma conta do corpo”, relata o operário.
A crise das queimadas no Pantanal não só reflete a ganância do agronegócio, mas também evidencia uma marcante omissão do poder público. Apesar das previsões de estiagem e do histórico de incêndios na região, as medidas adotadas têm sido insuficientes inexistentes ou tardias, demonstrando falta de compromisso com políticas ambientais eficazes.
Essa inação reforça que, sob o capitalismo, a exploração desenfreada e a destruição ambiental andam de mãos dadas. Para verdadeiramente combater a destruição, é imperativo acabar com as estruturas econômicas que perpetuam tais crises. Para tanto, na busca por garantir as condições necessárias para construir uma nova sociedade, as reformas agrária e urbana são urgentes.
Como consta no programa da Unidade Popular (UP), é fundamental promover uma reforma agrária que seja popular, nacionalizar a terra e pôr fim ao monopólio privado. Essa é a tarefa dos revolucionários.