Repórter do jornal A Verdade na ilha socialista do Caribe conta história do bloqueio econômico imposto pelo imperialismo norte-americano. Apesar dos problemas causados ao país, povo cubano segue apoiando a Revolução e lutando pelo fim do bloqueio
Isabella Tanajura | Havana (Cuba)
Em 26 de julho deste ano, completam-se 69 anos do Assalto ao Quartel Moncada, em Cuba, uma das primeiras ações revolucionárias do movimento revolucionário liderado por Fidel Castro que realizaria a Revolução Cubana alguns anos depois. Em 1953, Cuba havia passado por um golpe e vivia a ditadura de Fulgêncio Batista, militar apoiado pelo imperialismo norte-americano e pela burguesia.
Essa data é celebrada por toda a ilha até hoje como o Dia Nacional da Rebeldia, para continuar alimentando o espírito de resistência aos interesses de quem quer explorar e subjugar o povo. Mercedes, 37 anos, trabalha no Museu dos Comitês de Defesa da Revolução e explica o que a data histórica significa para o povo cubano:
“Uma mudança radical na política e no pensamento político da nação. Um grupo de jovens, naquela época, liderado pelo advogado Fidel, que tinha muita vontade de ajudar socialmente o povo. Significa uma mudança radical porque até esse momento os partidos políticos e os presidentes se dedicavam a roubar. E o primeiro problema que surge com os EUA inicialmente é que Fidel não queria ser como todos os outros governantes que estiveram no poder antes. Ele tinha prometido ao povo terras, sobretudo havia uma grande quantidade de pessoas na área rural com grandes problemas econômicos. Teve um período em que Cuba se concentrava na produção de açúcar e outro período em que não havia essa produção. Portanto, toda essa população não tinha trabalho e do que viver. Então o que Fidel fez primeiro foi garantir a terra aos camponeses.”
Bloqueio econômico
Em 1960, após a Revolução Cubana, o governo revolucionário decidiu estatizar as empresas de petróleo. Indignado por não poder mais explorar os recursos naturais de Cuba para seu próprio lucro, o subsecretário Lester Mallory, dos Estados Unidos, escreveu um memorando com o tema “A queda e o declínio de Castro” para o então presidente Eisenhower, afirmando:
“A maioria dos cubanos apoia Castro. […] O único meio previsível de minar o apoio interno é por meio do desencanto e descontentamento baseados na insatisfação e dificuldade econômica”. Ele completa a proposta dizendo que seja qual for a política externa adotada pelos EUA em relação ao país, deve causar “o maior impacto na negação de dinheiro e suprimentos a Cuba, reduza salários monetários e reais, provoque fome, desespero e a queda do governo”.
Desde então, os Estados Unidos impõem um bloqueio econômico que restringe a ilha de comercializar com qualquer empresa estrangeira ou país para garantir itens básicos para a sobrevivência de sua população. Apesar de ser uma violação clara aos direitos humanos e também ao direito ao livre comércio, tão importante aos liberais, o impedimento permanece independente de qual presidente ocupe a Casa Branca em Washington.
“Não vivemos bem. Tivemos períodos bons e agora estamos em um período muito difícil. Temos muitas leis nos Estados Unidos que vão contra o comércio com Cuba. Os Estados Unidos controlam todo o mercado da região e a nível mundial também têm muita presença. O governo norte-americano tem muita gente com olhos em cima de Cuba e em todos que comercializam com Cuba: alemães, franceses, qualquer um que comercialize recebe grandes multas”, relata Ernesto, 41 anos, taxista em Havana. E completa: “Aqui entram uma série de alimentos, porém esse comércio não é igualitário. Cuba tem que comprar em dinheiro antecipadamente e sem possibilidade de crédito. Então o barco chega a Cuba, descarrega a mercadoria e volta vazio, porque não temos a possibilidade de comercializar algo nosso. É apenas ganância deles”.
As restrições não são apenas ao comércio com Cuba, mas também ao turismo. Javier Rodriguez, 31 anos, trabalhador do setor turístico no Centro Histórico de Havana, afirma: “Temos muitos problemas econômicos. O primeiro e principal problema vem do bloqueio imposto pelos estadunidenses em 1960. Isso nos priva de muita coisa. Um exemplo simples é a proibição de cruzeiros a Cuba, isso não afeta só o governo, afeta principalmente ao povo”.
Cuba, portanto, tem muitos desafios. Mas o povo não deixa de defender que o socialismo é o sistema econômico mais justo e que proporciona a verdadeira liberdade de uma vida sem exploração. Mesmo com um brutal bloqueio econômico, os cubanos ainda se inspiram pelo espírito revolucionário de Fidel Castro e Che Guevara para lutar pelo socialismo.
Saudar a providencial matéria da camarada jornalista Isabella Tanajura, que traz à tona a realidade de Cuba diante do bloqueio econômico imposto pelos imperialistas dos Estados Unidos. Seu texto ilumina a resiliência do povo cubano e a capacidade de construir um sistema social que prioriza a saúde, a educação, a cultura e a segurança pública, mesmo em meio a adversidades. É fundamental reconhecer como, apesar das dificuldades, Cuba se mantém firme na luta por um futuro socialista, reafirmando seus valores e a dignidade de seu povo.
Cuba, mesmo sob o rigoroso embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, conseguiu construir um sistema de saúde pública que é referência mundial. O acesso universal e gratuito aos serviços de saúde permitiu que a população cubana desfrutasse de índices de saúde impressionantes, como uma expectativa de vida comparável à de países desenvolvidos. A formação de profissionais de saúde é priorizada, com um forte investimento na educação médica, resultando em médicos bem treinados que atendem tanto a população local quanto colaboram em missões internacionais. Essa reestruturação do sistema de saúde, apesar das limitações financeiras, demonstra a capacidade de Cuba de priorizar o bem-estar de seu povo.
Na área da educação, Cuba também se destaca, oferecendo ensino gratuito e de qualidade a todos os níveis. O país alcançou altas taxas de alfabetização e formação acadêmica, refletindo um compromisso com a educação como um direito fundamental. As escolas cubanas não apenas ensinam conteúdos acadêmicos, mas também promovem valores de solidariedade e cidadania, preparando os jovens para serem cidadãos ativos e conscientes. Essa ênfase na educação contribui para a formação de uma sociedade crítica e engajada, capaz de enfrentar os desafios impostos pelo capitalismo imperialista.
Além disso, Cuba preserva uma rica vida cultural e um ambiente de segurança pública que é admirado em muitos lugares do mundo. As expressões artísticas e culturais são incentivadas, com acesso a música, dança e artes visuais que refletem a identidade nacional. A segurança pública, por sua vez, é garantida através de políticas que priorizam a prevenção e a inclusão social, resultando em baixos índices de criminalidade. Mesmo diante do embargo, o povo cubano se reeducou para viver e prosperar, mostrando que a construção de um país socialista é viável, mantendo a dignidade e a qualidade de vida para a população cubana.