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sábado, 5 de outubro de 2024

Conubes: UJR e Rebele-se convocam estudantes a lutar pela Educação

Conubes, o Congresso da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, foi marcado pelo crescimento da bancada de oposição, liderada pela UJR e o Movimento Rebele-se. Delegados defenderam mais democracia na entidade e mais luta nas ruas e escolas do país

Cadu Machado | Redação


EDUCAÇÃO – Entre os dias 14 e 16 de junho, realizou-se, em Belo Horizonte (MG), o 45º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). Durante os três dias de evento, aconteceram importantes debates sobre a conjuntura política nacional, o genocídio na Palestina, a violência contra a juventude negra, a crise ambiental, vários eixos sobre educação e movimento estudantil.

Mais de cinco mil estudantes de todo o Brasil saíram de seus estados em caravanas depois de organizar o processo de eleição e mobilização de delegados em suas escolas. O Movimento Rebele-se, impulsionado pela União da Juventude Rebelião (UJR), destacou-se por sua combatividade, defendendo as posições mais avançadas na luta pela revogação da Reforma do Ensino Médio, a ampliação dos recursos destinados à educação, o combate à privatização e à militarização das escolas no Brasil.

Ditadura nunca mais!

A abertura do Congresso foi marcada por uma importante e emocionante homenagem a Edson Luís, estudante secundarista assassinado pela ditadura militar em 1968, símbolo da resistência estudantil, que contou com a participação de militantes da resistência contra a ditadura, entre eles Edival Nunes Cajá (ex-preso político e presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa), Jô Moraes (ex-presa política e ex-deputada federal) e Nilmário Miranda (ex-preso político e integrante do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania).

Durante sua intervenção, Cajá ressaltou a importância de a Ubes assumir a bandeira da luta por memória, verdade, justiça e democracia e convocou os estudantes a seguirem o exemplo de Edson Luís e tomarem as ruas: “O cadáver de Edson Luís é mais poderoso que as armas daqueles que o assassinaram, pois seu exemplo segue presente em cada estudante, em cada grêmio, em cada luta”, disse. Cajá também denunciou que o perigo de novos golpes continuará rondando o país enquanto não houver punição aos golpistas de 1964 e um duro combate aos fascistas do presente. “Essa bandeira jamais pode ser abandonada. A luta contra o fascismo só será decidida em favor do povo com mobilização e muita luta”, defendeu.

Solidariedade ao povo gaúcho

Outro momento marcante do Congresso foi o ato de solidariedade aos estudantes e ao povo do Rio Grande do Sul, severamente afetados pelas enchentes. Durante o ato, livros cobertos de lama, trazidos de escolas gaúchas, foram exibidos como símbolo das dificuldades enfrentadas. “A bancada do Rio Grande do Sul está aqui para representar os milhares de estudantes que não puderam vir ao Congresso por ainda estarem sofrendo os impactos das enchentes. Viemos cobrar mais investimentos na reconstrução do estado e o cancelamento da Dívida Pública”, afirmou o estudante gaúcho Kaye.

Diretoria majoritária prejudica participação

Ao longo do Conubes, problemas de infraestrutura impediram que muitos estudantes participassem com qualidade do evento. No primeiro dia, por exemplo, apenas metade das delegações conseguiram sair dos alojamentos, pois não tinham ônibus suficientes para todos se deslocarem até o local do Congresso. “A pergunta que fica é: como um movimento que não consegue contratar uma empresa de ônibus, que já deu provas da sua incapacidade de gestão em diversos congressos mal organizados, vai ter condições de organizar os estudantes para as enormes lutas para derrotar a reforma do Ensino Médio e melhorar a educação no país?”, questiona Valesca Barreto, militante da UJR na Bahia e diretora da Ubes pela oposição. Os estudantes que vieram de vários estados do país e levaram dias na estrada até chegar em Belo Horizonte merecem mais respeito”, cobra Valesca.

Rebele-se na Ubes

A plenária final do Congresso foi marcada por um claro crescimento do Movimento Rebele-se, organizado pela UJR. Os mais de 500 delegados do movimento ocuparam uma parte significativa do ginásio, entoando palavras de ordem e empunhando bandeiras de luta. Durante a defesa de teses, Isa Gandolfi, primeira vice-presidente da Ubes, convocou os estudantes a fortalecerem o movimento estudantil em todo o país e criticou a falta de democracia e de reuniões na gestão anterior: “Cada um aqui nesse plenário tem uma tarefa fundamental, que é fortalecer o movimento estudantil em cada canto do país. Mas isso só será possível se for construído junto com os grêmios, que ensinam para a juventude que é possível mudar a realidade do nosso país”, afirmou.

O Rebele-se encabeçou uma chapa unificada da oposição à diretoria majoritária, ao lado de outros movimentos, como a UJC, Juntos!, Vamos à Luta e PSTU. Do outro, o campo majoritário, liderado pela UJS e correntes de juventude do PT, PDT e PSB, defendendo a gestão da entidade apática e desligadas das lutas nas bases, supervalorizando acordos e negociações como estratégia para avançar.

A votação para a composição da nova diretoria foi tensa e marcada por denúncias de irregularidades, assim como o processo de tiragem de delegados. Houve falta de transparência e coação nas urnas destinadas aos delegados da majoritária. Estudantes que desejavam votar na chapa de oposição enfrentaram dificuldades, incluindo impedimentos para depositar seus votos e intimidações.

Apesar desses desafios, e de todas as manobras e vícios do processo, o crescimento do Movimento Rebele-se e da UJR foi inegável, crescendo em mais de cem delegados, sendo o movimento com a maior mobilização de estudantes da rede federal e elegendo 12 diretores com a chapa da oposição. “Esse crescimento é muito importante para a luta pela retomada da Ubes como um espaço de resistência e mobilização estudantil’, acredita Isa.

Compromisso com a luta

Para Millene Barbosa, militante da UJR no Rio Grande do Norte e diretora da Ubes, o Congresso reforçou a luta contra as privatizações das escolas e elevou a consciência dos estudantes: “Fizemos muita agitação sobre os problemas da juventude e apresentamos o socialismo como solução. Por isso, recrutamentos muitos jovens para a UJR. Agora, é hora de voltar para as nossas escolas e aumentar ainda mais nosso trabalho e nossas lutas”.

A juventude e os estudantes que foram ao 45º Conubes com o Movimento Rebele-se e a UJR saem com um compromisso renovado de intensificar as lutas nas escolas pelo Brasil todo. Seus objetivos são claros: revogar o Novo Ensino Médio, garantir mais verbas para a educação e fortalecer a resistência estudantil contra qualquer tentativa de desmonte e privatização do ensino público.

“Não dá mais para nossas escolas continuarem do jeito que estão, sem merenda e estrutura digna, enquanto o Governo e o Congresso debatam ‘novos modelos’ de educação. Defendemos que a Ubes esteja dentro de cada escola, mobilizando os estudantes, pois, só assim, seremos ouvidos sobre nossas reais necessidades”, disse Isa Vaz.

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