Atos em pelo menos 18 estados mobilizaram milhares de estudantes secundaristas e universitários. Jovens denunciam cortes no orçamento da educação pública, defendem o fim do Novo Ensino Médio e rejeitam projetos de privatização e militarização das escolas
Guilherme Arruda | São Paulo (SP)
JUVENTUDE – Nesta quarta-feira (14/8), a juventude brasileira saiu às ruas em um grande ato nacional em defesa da Educação. Marcando uma ação combativa para o Dia do Estudante, comemorado na data de 11 de agosto, a manifestação foi convocada pela Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (FENET), pelos movimentos Rebele-se e Correnteza e por DCEs, Centros Acadêmicos e grêmios escolares do país inteiro.
Entre as pautas que foram defendidas pelas entidades estudantis nos protestos estão o aumento dos investimentos na educação pública, a revogação do Novo Ensino Médio e o fim dos projetos de militarização e privatização das escolas estaduais que diversos governadores estão tentando aprovar.
Além das passeatas nas ruas, o dia foi marcado por uma série de ocupações que chamaram a atenção da sociedade para a situação do ensino público. No Rio de Janeiro, no Ceará e em Santa Catarina, os estudantes ocuparam as secretarias estaduais de Educação. No Rio, a Secretaria de Ciência e Tecnologia também foi ocupada. Já na cidade de Belo Horizonte, ocorreu a ocupação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Contra a privatização e a militarização do ensino
Em Curitiba, há menos de dois meses, a Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (ALEP) foi palco de um protesto de 20 mil pessoas contra a privatização das escolas. Por isso, a luta contra a entrega do ensino público para empresas privadas, defendida pelo governador Ratinho Júnior (PSD), foi a principal bandeira da manifestação dos estudantes.
“O ato foi muito importante pra mostrar para os jovens que existe alternativa ao que a gente encara hoje na educação pública do Paraná”, disse Pedro, estudante do Colégio Sesi Paraná e militante do Movimento Rebele-se, ao jornal A Verdade.
Já em São Paulo, além de também anunciar um plano de privatização da educação pública, o governador fascista Tarcísio de Freitas busca implementar um projeto de militarização das escolas. Por meio de falsas consultas e cooptação de diretores, sua gestão quer arbitrariamente impor a substituição de professores por policiais – que ganhariam mais do que recebem os docentes formados – nas unidades escolares do estado, transformando-as em “escolas cívico-militares” que tolhem a liberdade dos alunos e o ensino crítico.
“Aqui em São Paulo, os estudantes foram às ruas contra o Novo Ensino Médio, a militarização das escolas e o projeto de leiloar 33 escolas estaduais em setembro para a iniciativa privada. O ato foi muito importante para o movimento estudantil porque diferenciou aqueles que estão na luta pela Educação daqueles que conciliam com o direito dos estudantes”, afirmou Julia Cacho, coordenadora-geral da FENET e candidata à vereança em Mauá (SP) pela Unidade Popular.
Por um R.U. de qualidade
Os estudantes universitários, organizados no Movimento Correnteza e na União da Juventude Rebelião, também levaram suas pautas às manifestações do dia 14 de agosto. Na cidade de Petrolina, o DCE da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e a União dos Estudantes de Pernambuco (UEP) realizaram o ato estudantil na frente do Restaurante Universitário da Univasf e se solidarizam com os trabalhadores.
“O evento faz parte de uma série de mobilizações por um R.U. mais acessível, de qualidade e com preços populares, já que ele é o mais caro do Nordeste. Além dos altos preços, também foram denunciados os mais de 100 processos trabalhistas contra a Empresa Paisagem, fornecedora dos serviços do restaurante. Os estudantes fizeram falas mostrando sua indignação com o preço absurdo e os funcionários também mostraram seu apoio”, explicou Alysson Monteiro, presidente do DCE da Univasf e candidato a vereador em Petrolina pela UP.
Em defesa da UERJ
No Rio de Janeiro, a manifestação reuniu dezenas de entidades estudantis na Praça da Cinelândia, onde há 56 anos ocorreu a Passeata dos Cem Mil contra a ditadura militar. O ato seguiu até a sede das Secretarias de Educação e Ciência e Tecnologia, onde ocorreu uma ocupação em que se denunciou os cortes orçamentários cometidos pelo governador fascista Cláudio Castro (PL).
O ato foi marcado por uma importante presença de estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que estão ocupando dois campi da instituição contra os cortes e as mudanças nas regras de acesso às bolsas de assistência estudantil. Ainda nesta quinta (15/8), os alunos foram reprimidos a mando da reitoria e do governo do Estado no campus do Maracanã.
Luta pela educação deve seguir firme
Além de uma demonstração da força do movimento estudantil, o ato do dia 14 de agosto serviu como um chamado para o conjunto dos estudantes se envolverem mais ativamente com a luta em defesa da educação pública.
Em um cenário político marcado pelos cortes orçamentários impostos pelo Arcabouço Fiscal e pela ofensiva dos governadores fascistas contra o ensino público, a mobilização liderada por entidades e movimentos como FENET, UJR, Rebele-se, Correnteza e os grêmios e DCEs associados à Oposição na UNE e na Ubes será imprescindível para defender um futuro digno para os jovens.
“É possível reverter o quadro em que a gente se encontra, mas isso só vai acontecer com a luta organizada dos estudantes”, completou o estudante paranaense Pedro.