O Movimento Luta de Classes (MLC) no RN realizou uma plenária aberta para debater a importância das organização das mulheres trabalhadoras nos sindicatos, além de traçar os rumos de luta do movimento e da classe trabalhadora em Natal e no Rio Grande do Norte nos próximos períodos.
Coord. Estadual do Movimento Luta de Classes | Natal – RN
TRABALHADOR UNIDO – O Movimento Luta de Classes (MLC) no Rio Grande do Norte, realizou uma plenária aberta para debater a importância das mulheres trabalhadoras se organizarem nos sindicatos, bem como as dificuldades que envolvem essas questões, além de traçar os rumos de luta do movimento e da classe trabalhadora em Natal e no Rio Grande do Norte nos próximos períodos.
Feita no último sábado, 27 de julho, no Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Básica, profissionais e tecnológica (SINASEFE – seção Natal), a atividade contou com expressiva diversidade e presença de inúmeras categorias de trabalhadoras e trabalhadores como da assistência social, professoras e professores, técnicos-administrativos em educação, limpeza urbana, carteiro, operadores de telemarketing e trabalhadores da tecnologia da informação, bem como com a presença do Movimento de Mulheres Olga Benario.
Essa plenária foi uma oportunidade para trabalhadoras e trabalhadores, se unir e discutir estratégias contra esses ataques dos patrões e governos, como a reforma trabalhista, a reforma da previdência, o rebaixamento de nossos salários e as leis que precarizam ainda mais o trabalho, além de planejarmos as próximas lutas e a construção de um sindicato combativo e revolucionário, e com capacidade os direitos dos trabalhadores e a construção das greves e lutas pela transformação da sociedade.
Em um primeiro momento, a mesa principal foi composta por Giuliana Ávila, técnica-administrativa (TAE) em educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), militante do MLC e do Movimento de Mulheres Olga Benario, Alice Morais, coordenadora estadual do Movimento de Mulheres Olga Benario e da ocupação Anátalia de Souza Melo Alves e Francisco Dias, técnico-administrativo em educação do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), membro da coordenação nacional do MLC e do diretório estadual da Unidade Popular pelo Socialismo (UP).
Giuliana fez uma exposição sobre a história da classe trabalhadora, as contradições entre o capital e o trabalho e a divisão sexual do trabalho como elemento base da opressão da mulher, abordando a importância da organização das mulheres trabalhadoras e seu protagonismo nos movimentos grevistas e sindicais brasileiros. “Conforme destacou Engels, a primeira opressão de classes na história humana coincidiu com a opressão do sexo feminino pelo sexo masculino, que permanece até hoje. Dessa forma, a luta pela emancipação das mulheres é a luta pela emancipação de toda classe trabalhadora, pois passa pelo fim de toda exploração do homem pelo homem. Por isso, é preciso combater esse divisionismo nos sindicatos e destacar ainda mais a presença das mulheres trabalhadoras nesses espaços, oferecendo condições para seu protagonismo”.
Francisco Dias, reforçou que “apenas a classe trabalhadora organizada é capaz de mudar sua realidade, por melhores condições de salário, por melhores condições de trabalho, creches”. Ressaltou ainda que “a mobilização da classe trabalhadora arrancou vitórias importantes na greve da educação federal, realizada nos últimos meses”. Ainda, deu importância ao combate as reformas fascistas e neoliberais como a reforma da previdência e a trabalhista, as quais aprofundaram ainda mais a precarização do trabalho, bem como a escala 6X1 que são práticas da política econômica feita pelos ricos para garantir suas fortunas. “Estas reivindicações são históricas, e com o crescente avanço da extrema-direita e do neoliberalismo, os direitos da classe trabalhadora tem sido cada vez mais atacados e nossas vidas virado moeda de troca para os patrões ricos que lucram com a exploração do nosso trabalho”.
Já Alice Morais, fez uma análise da conjuntura nacional e internacional, demonstrando que as mulheres trabalhadoras, mães e pessoas que gestam são as mais atacadas pelo sistema capitalista. “Nossa sociedade é um acúmulo de muitos anos, essa situação nem sempre foi assim, nem sempre será. Por isso, é necessário entender o ponto da conjuntura que estamos, para assim, desenvolver as lutas e levar a frente nossas principais reivindicações. E, os sindicatos, com o direcionamento político, são importantes armas na organização da classe trabalhadora. Transformar os sindicatos para além da mudança econômica, em uma organização que pense a formação política, na libertação das mulheres trabalhadoras, e seja dirigido por organizações que pensem na revolução socialista”.
Além disso, foi ressaltado a histórica combatividade das mulheres trabalhadoras nas greves do Brasil, e pela organização nos sindicatos, ressaltando que na conjuntura atual no Brasil e no mundo, com crescente ascensão do fascismo, a classe trabalhadora sofre cada vez mais ataques, sobretudo as mulheres que passam, em maioria, pelas triplas e/ou quadruplas jornadas de trabalho.
Organizar as mulheres em sindicatos revolucionários
Em um segundo momento, foi realizada o estudo do texto “A mulher na sociedade atual”, de Alexandra Kollontai e debatidas as próximas lutas do movimento sindical para organizar a classe trabalhadora por melhores condições de trabalho, por creche, redução na jornada de trabalho, revogação das reformas liberais e fascistas, bem como a socialização dos cuidados domésticos e maternos.
Durante o debate, a assistente social Shirley Souza, destacou que o “combate ao machismo e o racismo dentro das organizações sindicais, tomadas majoritariamente por homens, e dentro dos locais de estudo, onde as mulheres trabalhadoras também sofrem com assédio, são pautas urgentes para a classe trabalhadora. Eu sou uma mulher negra, trabalhadora, estudante e mãe de 3 filhos, sei as dificuldades que tenho que enfrentar e precisamos nos desdobrar para podermos participar de espaços como este, ainda todo preconceito de gênero e racial que passamos na sociedade”.
Já Marina Aguiar, estudante de biologia, ressaltou as dificuldades ser mulher trabalhadora e mãe, apontando as contradições do sistema de educação. “Nós mulheres estudantes e trabalhadoras temos apenas 4 meses de licença maternidade, e meu companheiro terá licença paternidade de apenas 5 dias, recaindo todo o trabalho de cuidado sob mim outras várias jornadas. Isso ocorre, pois dão as mulheres o papel de “cuidadora” e do homem “provedor”.
Esse momento foi importante para destacar que, apenas as mulheres trabalhadoras organizadas em sindicatos combativos, classistas e revolucionários que façam as lutas econômicas, mas também políticas, são capazes de direcionar e vanguardear as lutas da classe trabalhadora por melhores condições de salário e pela revolução.
Formação política para fortalecer
A atividade ainda contou com uma banquinha das Edições Manoel Lisboa e do Jornal A Verdade, demonstrando que é fundamental a formação política dentro do movimento sindicais, e da sociedade, sobretudo no combate e luta política em relação a organizar as mulheres, criando as condições para que elas possam militar nos sindicatos, socializando as tarefas domésticas, de maternidade e de cuidados sociais, cozinhas e lavanderias coletivas.
Para tal, a formação teórica, prática, de agitação e propaganda, consolidam o processo de entendimento da realidade e desenvolvimento da consciência de cada companheiro e companheira, contribuindo e apoiando as mulheres trabalhadoras.