Diante de uma situação de exploração e sobrecarga de trabalho, os rodoviários decidiram paralisar o serviço e decretar greve, atingindo a Região Metropolitana do Recife (RMR).
Redação PE
TRABALHADOR UNIDO – Na manhã do dia 12 de agosto, a rede de transporte rodoviário do Recife e Região Metropolitana amanheceu paralisada, após a categoria aprovar greve por tempo indeterminado.
Em março deste ano, a governadora Raquel Lyra (PSDB) aprovou, para o Recife e a região metropolitana, a criação do bilhete único, modificando a tarifa A, que era de R$5,60, para R$4,10. A medida serviu para melhorar a imagem do governo diante da população, mas não melhorou o serviço, que teve durante a pandemia o agravante das empresas aproveitarem para demitir os cobradores e criar a chamada dupla função para os motoristas.
A militância do Movimento Luta de Classes (MLC) e da Unidade Popular em Pernambuco estiveram na mobilização em apoio à categoria. Contou com mobilizações nas portas das garagens desde a madrugada, e uma enorme adesão dos trabalhadores das diversas empresas. O jornal A Verdade acompanhou a mobilização e entrevistou Aldo Lima, presidente do sindicato dos Rodoviários de Pernambuco.
A Verdade – Qual a principal reivindicação da categoria hoje?
Aldo Lima – A nossa pauta inicial é um aumento de 5% acima da inflação nos salários, o ticket de alimentação de R$700 e ajuda de custo para o motorista que faz a dupla função de R$500. Hoje, o motorista que dirige e cobra a passagem ganha entre R$140 e R$180 em média de abono para exercer essas duas funções. Mas uma das nossas principais reivindicações é o plano de saúde para a categoria.
Houve alguma melhoria no serviço após a implementação do Bilhete Único de março desse ano até agora?
As condições de trabalho da categoria são muito difíceis, muito precárias. É violência, a dupla função que desgasta muito, os trabalhadores são expostos ao calor e a trepidação do veículo, o adoecimento mesmo. Esses subsídios que a governadora repassa para as empresas tem um único objetivo: melhorar a condição das empresas. Somente. Nunca visa melhorar a condição do trabalhador.
No início do ano era repassado um subsídio para as empresas de R$250 milhões. Com a unificação do bilhete B com o bilhete A, esse subsídio passou para R$310 milhões, atualmente está em R$348 milhões e há uma perspectiva desse valor subir para R$400 milhões até o final do ano. E a pergunta que nós fazemos é: o que vem para o trabalhador? De que maneira esses profissionais vão ser valorizados? Quais os cuidados que vão ser dados a esses trabalhadores? Nós precisamos de um plano de saúde. Se tem dinheiro de subsídio para dar para os empresários por que não repassa parte desse subsídio para valorizar os profissionais?
Como tem sido a adesão dos trabalhadores e a percepção junto a população nesse início de greve no Recife?
A adesão da categoria tem sido massiva. Os trabalhadores estão muito revoltados com essa situação. A greve foi comunicada com muita antecedência. Nós deixamos claro, para toda a população de que iríamos fazer essa mobilização. Eu sei que traz um transtorno, mas a gente quer apontar o culpado dessa greve, que são as empresas e o governo do Estado que não resolveram esse impasse. E a maioria da população tem ficado do nosso lado. Quem usa os ônibus diariamente sabe pelo que passamos.