Aumento da violência na Bahia inclui um salto na letalidade policial: em Jequié, Eunápolis, Simões Filho, Salvador e Luís Eduardo Magalhães mais da metade das mortes foram provocadas pela polícia. Dados apontam a necessidade de uma nova política nacional de segurança pública, com ampla participação popular, e do fim da atual orientação racista e fascista
Vitória Louise | Jacobina (BA)
O Brasil registrou 46.328 mortes violentas intencionais em 2023 – uma taxa de 22,8 por 100 mil habitantes. São homicídios, latrocínios, mortes após lesão corporal ou por violência policial. Os dados são do Anuário de Segurança Pública.
Seis das dez cidades mais violentas do Brasil estão na Bahia. Ao todo, 6.578 pessoas foram mortas no estado, uma taxa de letalidade de 46,5 para cada 100 mil habitantes. A polícia baiana também foi a que mais matou no país, vitimando 1.699 pessoas só em 2023. As cidades com maiores índices de violência são Camaçari, Jequié, Simões Filho, Feira de Santana, Juazeiro e Eunápolis.
Além disso, o anuário também apresenta dados sobre a letalidade policial. A cidade que lidera é Jequié, na qual a taxa de mortes decorrentes de intervenções policiais chega a 46,6. Além de Jequié, mais quatro cidades da Bahia também se encontram no topo deste quesito: Eunápolis, Simões Filho, Salvador, Luís Eduardo Magalhães, onde mais da metade das mortes são provocadas pelas polícias.
Fica evidente que a segurança pública no Estado da Bahia é, na verdade, uma estratégia de violência institucional contra o povo. Até porque, metade das mortes por violência são cometidas pelas polícias. É necessária a reorganização da Política Nacional de Segurança Pública, com uma ampla participação popular, assim como defende o programa da Unidade Popular (UP).
Os dados mostram também a urgência de desmilitarizar a Polícia Militar e combater a lógica fascista e racista, em que os principais alvos são pobres e negros da periferia, ou seja, os trabalhadores.
A violência é resultado também da ausência de políticas públicas para moradia, educação, saúde, lazer e trabalho. Lugares onde as pessoas conseguem acessar a qualidade de vida, o índice de violência é menor. Nas palavras do jurista Flávio Gomes: “Quanto mais igualdade, menos crimes violentos”.
Para além da reorganização da Política Nacional de Segurança Pública, também é necessário lutar por uma sociedade com outra lógica de produção que não vise ao lucro: uma sociedade organizada pela própria classe trabalhadora, uma sociedade socialista. Apenas nesse modelo de sociedade é possível planificar a economia, realizar as reformas urbana e agrária e garantir o acesso aos direitos básicos da população a fim de que todos possam ter acesso pleno à saúde, educação, trabalho, esportes e lazer e que a desigualdade social deixe de ser a realidade do povo brasileiro.
Matéria publicada na edição n° 296 do jornal A Verdade