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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Fred Hampton: herói da luta revolucionária da juventude negra

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Dirigente do Partido dos Panteras Negras, Fred Hampton foi um militante comunista muito capaz desde a juventude. Por sua luta, ele foi perseguido e assassinado pelo programa de Inteligência do FBI aos 21 anos, em 1969

Gabriela Torres | Redação PR


LUTA POPULAR – A necessidade do sistema capitalista de se alimentar de bases escravocratas incitou em inúmeros jovens negros de todo o mundo a iniciativa de tomar o protagonismo da luta revolucionária. Fred Hampton, dirigente do Partido dos Panteras Negras nos Estados Unidos, foi um desses socialistas. No último dia 30 de agosto, se vivoele teria completado 76 anos.

Frederick Allen Hampton nasceu na periferia da cidade de Chicago, originário de uma família de operários de uma fábrica de amido. Seus pais participaram da Grande Migração Negra, como ficou conhecida a saída em massa de negros norte-americanos do Sul do país para fugir das leis segregacionistas.

Desde muito jovem, Hampton demonstrava revolta com a forma como a sociedade estava organizada: ainda adolescente, organizou atos contra a violência policial e atuou no movimento estudantil através da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor. Ele se tornou estudante de Direito para confrontar o Estado, e rapidamente se tornou um comunista: para destruir as bases racistas da sociedade, era necessário pôr fim à lógica de exploração da propriedade privada, e apenas com o fim do capitalismo os negros e as negras poderiam se libertar das amarras escravocratas que se mantém até hoje.

A militância nos Panteras Negras

Aos 20 anos de idade, se filiou ao Partido dos Panteras Negras, uma organização marxista-leninista que atuava com uma política de autodefesa entre a juventude negra dos guetos e que em pouco tempo conquistou o posto de “principal ameaça à segurança nacional” para a inteligência do FBI, a polícia federal norte-americana.

Dentre as principais lutas práticas do partido estava a política de cafés da manhã coletivos nas comunidades, que chegou a alimentar mais de dez mil crianças fixamente em cidades como Oakland, Chicago e Seattle; havia também um programa de supervisão comunitária às ações da polícia militar nos bairros pobres, estimulado por uma formação política oferecida aos moradores, que começaram a inspecionar os abusos da corporação nos guetos negros.

Hampton se destacava pela sua fala inflamada e apostava no trabalho de massa como o principal agente de transformação na luta pelo socialismo: organizou um pacto de não-agressão entre gangues locais de Chicago para parar a violência entre os jovens negros, desenvolveu a política nomeada Coalizão Arco-Íris (uma frente de solidariedade de classe que, além da população negra, contemplava movimentos de brancos pobres, comunidades indígenas e das populações de origem porto-riquenha, mexicana e chinesa) e em pouco tempo foi eleito vice-presidente nacional de seu Partido.

Por ser um grande agitador e organizador, Hampton estava se tornando uma referências para os negros e a juventude revolucionária não só dos Estados Unidos, mas de todo o mundo.

“Acredito que vou morrer fazendo o que nasci para fazer”

A repressão do FBI esteve presente desde o início da trajetória de Fred Hampton, de prisões após participar em manifestações pacíficas até acusações forjadas por policiais. A partir da COINTELPRO, um programa de inteligência do FBI montado para investigar e destruir o Partido dos Panteras Negras, o Estado conseguiu infiltrar na organização o seu agente William O’Neal, um informante que se tornou guarda-costas de Hampton e forneceu as informações necessárias para que ele fosse pego pego em uma emboscada no seu próprio apartamento.

Hampton foi sedado para não reagir aos 15 policiais que invadiram a sua casa e espancaram sua companheira grávida de oito meses. Após empregar uma enorme violência contra todos os militantes que estavam presentes no apartamento naquela noite, o FBI assassinou Fred Hampton, aos 21 anos de idade, em uma operação de poucos minutos com mais de 80 tiros disparados.

A brutalidade da morte do chamado Messias Negro revoltou as comunidades negras e preencheu as ruas de várias cidades em uma onda de manifestações que chegou a destruir viaturas e postos policiais locais. Mais de cinco mil trabalhadores acompanharam e se emocionaram no funeral daquele jovem líder comunista, que deixou um legado para todos os jovens negros que decidem dedicar as suas vidas à construção da sociedade socialista e à destruição do racismo.

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