No mês de setembro de 2024, completa 1 ano que nos despedimos de Marta Almeida, militante histórica do movimento negro pernambucano. O jornal A Verdade homenageia essa grande companheira.
Clóvis Maia | Redação Pernambuco
Marta Carmelita Bezerra de Almeida, mais conhecida nos movimentos sociais como Martinha, nos deixou há 1 ano. No dia 13 de setembro de 2023, enquanto viajava exercendo sua militância em defesa do povo negro de nosso país. Marta era uma educadora popular, pedagoga de formação e especialista em psicopedagogia e uma defensora das mulheres negras e uma combatente alegre contra todo tipo de opressão.
Martinha era uma força da natureza. Em seus 44 anos de vida dedicou-se desde a juventude à luta. Foi uma das grandes lideranças do Movimento Negro Unificado (MNU) no Brasil, contribuiu com o Comitê de Memória, Verdade e Justiça em Pernambuco, onde sempre trouxe a pauta da repressão do povo negro durante a ditadura militar brasileira, além de ser uma aliada de primeira hora do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) onde militava junto à Central dos Movimentos Populares (CMP).
Era comum ouvir Martinha soltando a voz em suas intervenções cantando “Canto das Três Raças”, de Mauro Duarte e Paul Cesar Pinheiro, hino eternizado na voz de Clara Nunes lançado em 1976. Martinha não gostava de ver ninguém triste. A alegria, o bom humor e a disposição sempre foram suas marcas. Era impossível conversar com a companheira por um minutinho e não se contagiar com tanta energia, tanta força.
O último momento que lembro de Marta foi na abertura do 8° Encontro de Comitês e Comissões Norte e Nordeste por Memória, Verdade e Justiça, em 28 de agosto de 2023, quando diante de um auditório lotado na Universidade Católica (UNICAP), Marta, antes de entoar um trecho do Canto das Três Raças lembrou: “quem não tem exemplo, não tem história”, reforçando a necessidade de lembrar de nomes como Manoel Aleixo da Silva e Amaro Félix Pereira, militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCR) assassinados pela ditadura militar brasileira.
Martinha foi sepultada com honras e homenageada país a fora. Nesse mês em que se completa 1 ano de sua morte queremos lembrar seu exemplo e sua alegria. Pois é exatamente que ela nos deixou: um exemplo de alegria e disposição para a luta e a certeza de nossa vitória. Como sempre dizemos: Martinha, presente!