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sábado, 21 de dezembro de 2024

Crise no transporte público prejudica trabalhadores da Grande Florianópolis

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Em cidades como São José, Palhoça e Biguaçu, na região metropolitana de Florianópolis, a população convive com um transporte público caro e insuficiente. Com panfletagens e brigadas do jornal A Verdade, a Unidade Popular convoca mobilização contra esse cenário

Wilson Májè e Thayná Guimarães | São José (SC)


Nas cidades catarinenses de São José, Palhoça e Biguaçu, situadas na região metropolitana de Florianópolis, os trabalhadores enfrentam uma grave crise no transporte público, que atinge seus direitos e precariza suas vidas.

Responsáveis pela mobilidade urbana nesses municípios, as empresas Jotur Auto Ônibus, Transporte Coletivo Estrela e Biguaçu Transportes Coletivos cobram preços que variam de R$4,98 a R$12,00 nas passagens, uma das tarifas mais caras do Brasil. Mesmo assim, o serviço é avaliado como de péssima qualidade: a frota e os itinerários são completamente insuficientes, prejudicando diretamente a população.

Depois de longas jornadas de trabalho, a população dessas cidades paga caro por um transporte cheio de problemas, como denunciou ao jornal A Verdade o passageiro Jair, morador do bairro de Potecas em São José: “Os acidentes ocorrem ao menos uma vez por semana, é sempre assim”. Na prática, os ônibus em más condições e os horários inadequados de sua circulação se transformam em um risco para a saúde física e mental dos usuários.

Falta de integração

Outro ponto que agrava esse cenário é a inexistência de uma política eficiente de passe único ou de integração tarifária. Enquanto em muitas regiões metropolitanas é comum a baldeação gratuita ou com tarifa reduzida, permitindo que o usuário utilize mais de um ônibus pagando uma única passagem, na Grande Florianópolis essa integração é inexistente ou mal implementada. Isso obriga os moradores a pagarem passagens inteiras sempre que trocam de ônibus.

Apesar de promessas de unificação do sistema, o cartão “Grande Floripa + Integrada” não abrange integralmente a capital. Em grande parte, isso deve ao contrato entre a prefeitura de Florianópolis e o Consórcio Fênix, que monopoliza as operações de ônibus na cidade até 2034. Embora o cartão tenha sido apresentado como solução para integrar as linhas da região metropolitana, ainda há companhias como Estrela e Imperatriz que, apesar de fazerem parte da associação de empresas de transporte na região, não aderiram totalmente ao sistema. Isso perpetua a fragmentação do serviço, prejudicando os usuários que continuam sem acesso a um transporte integrado e acessível.

Passagem cara põe direito à educação em risco

Como se não fosse o bastante, as famílias com filhos em idade escolar enfrentam um peso ainda maior dos transportes no orçamento. Mesmo com o benefício da meia tarifa para estudantes, o custo total das passagens pode facilmente ultrapassar R$500 por mês para uma família, tornando o direito à mobilidade um luxo inalcançável para muitos.

Em entrevista, Joaquim Pedroso, morador do bairro Forquilhinhas, contou ao jornal A Verdade que, para trabalhar no bairro Ponte do Imaruim, em Palhoça, precisa utilizar dois ônibus das empresas Estrela e Jotur, desembolsando cerca de R$30 por dia. Com três filhos estudando no centro de Florianópolis, devido à melhor qualidade das escolas, ele ainda gasta aproximadamente R$15 diários para o deslocamento das crianças, o que soma cerca de R$225 por semana.

“Todo mês é um desespero manter as contas em dia”, desabafa Joaquim, que também precisa arcar com alimentação, aluguel, vestimentas e as contas da família.

UP defende estatização e gratuidade do transporte coletivo

Para o núcleo da Unidade Popular (UP) que atua no bairro de Forquilhinhas, em São José, esse cenário de precariedade e exploração é reflexo da falta de fiscalização e de uma política que garanta a dignidade dos usuários do transporte público. O acesso ao transporte coletivo, que deveria ser um direito garantido, se tornou um verdadeiro fardo, e os moradores dessas três cidades se veem reféns de um sistema que prioriza o lucro empresarial e a mobilidade individual em detrimento do bem-estar coletivo da população pobre e trabalhadora. 

No último período, a militância da Unidade Popular deu início a uma série de panfletagens e brigadas do jornal A Verdade com o objetivo de mobilizar as famílias da região afetada pela crise. A ação visa denunciar as condições precárias vivenciadas pelos trabalhadores locais e reforçar a necessidade de mudanças estruturais no transporte público, lutando, por exemplo, pelo passe livre para estudantes e trabalhadores.

Para a UP, sem a busca imediata de soluções que tornem o transporte acessível e eficiente na região, o direito de ir e vir continuará sendo negado a milhares de trabalhadores e suas famílias. Por isso, a mobilização defende que o transporte seja retirado das mãos de empresários que lucram com a exploração da força de trabalho e o controle do sistema de mobilidade urbana.

Como destacado em matéria na edição nº 298 do jornal A Verdade, a UP reivindica a estatização e a gratuidade do transporte coletivo, dando um fim à “máfia dos transportes”. Para o partido, somente através da organização da revolta popular será possível enfrentar o desrespeito que os trabalhadores passam todos os dias ao sair de casa.

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