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sábado, 23 de novembro de 2024

É mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo?

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Desde 1980, cientistas alertam sobre o aquecimento global, em grande parte causado pelo aumento do efeito estufa, especialmente devido ao CO² emitido por grandes indústrias. A ONU já declarou que entramos em um estado de “Ebulição Global”, e as consequências estão se tornando insuportáveis.

Anne Cavalcante | UJR Garanhuns


MEIO AMBIENTE – Desde 1980 diversos cientistas de vários países vêm desenvolvendo pesquisas e alertando o mundo sobre o avanço do aquecimento do planeta. Um dos principais motivos é o aumento do efeito estufa, que aumenta a cada ano o buraco da camada de ozônio que protege o planeta, por gases ricos especialmente em gás carbônico (CO²), como também a ação do homem. Porém, é importante destacar: que homem é esse?!

Durante décadas, o capitalismo como ideologia da classe dominante tem gerado duas grandes impressões no pensamento dos povos do mundo sobre este assunto, pensamento reproduzido em massa através das mídias: “a responsabilidade do aquecimento do planeta  é de todos”. Desde grandes potências capitalistas a pequenos países em desenvolvimento, ou melhor, desde bilionários detentores de fábricas em diversos países até trabalhadores de qualquer país do mundo, como os do Brasil que trabalham em média 8 horas por dia para ganhar um salário mínimo. 

Sendo assim, o discurso colocado que se o povo trabalhador não diminuir a quantidade de tempo de banho; não usar um canudo de papel; ou não trocar seu desodorante spray por um creme; será o responsável por destruir o planeta. Esse discurso é propagado fortemente e tira a responsabilidade do capitalismo e joga a culpa no povo.

Os grandes monopólios industriais que utilizam de forma incontrolável os combustíveis fósseis para produção de energia, em sua maioria nos Estados Unidos, são os verdadeiros culpados. Em 2023, as empresas de energia emitiram 37,4 bilhões de CO2 na atmosfera,  1,1% a mais do que 2022. Junto a isso os grandes latifúndios, que desmatam e geram queimadas incontrolavelmente, também contribuem para o aquecimento. E mesmo com as condições para adotar outra forma de energia não o fazem, pois não daria tantos lucros.

A segunda questão é apresentada nos momentos mais agudos do sistema capitalista e muito usado pelo fascismo: o negativismo científico. O povo é induzido a acreditar em meia dúzia de pseudociências, com meias verdades de que o aquecimento global não existe, que o planeta passa por tempos e tempos por mudanças climáticas, logo não teria motivo de tanto alarde.  O planeta passa de tempos em tempos por mudanças climáticas naturais, mas este não é o caso. O planeta não estaria em ponto tão alarmante como está agora se não fosse a burguesia e a exploração desenfreada dos recursos naturais.

Consequências

Em julho de 2023, a ONU emitiu nota que deixamos de estar no aquecimento global, mas entramos em um momento chamado de ebulição global. Demos um passo à frente no início de uma contagem regressiva de 5 anos para se mudar a forma de utilização de energia e produção, ou sofrer com o “fim do mundo” se nada for feito. Um ponto de não retorno. Em outras palavras, não teríamos como recuperar o planeta. 

O alarme vermelho não é à toa, está cada vez mais nítido na vida cotidiana. As quatro estações do ano pouco consegue ser diferenciadas, o efeito do El niño teve o pico mais forte dos últimos 20 anos. As secas e queimadas mais presentes no Brasil e o derretimento extremo das geleiras, bem como o surgimento do termo “refugiados climáticos” expõe os efeitos do capitalismo sobre natureza e o povo.

A famosa frase presente no livro Realismo Capitalista de Mark Fisher: “É mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo.”, expõe como a burguesia propaga que não há alternativa ao sistema capitalista, mas é preciso preservá-lo e protegê-lo a todo custo. Porém, Mark Fisher não foi o inventor da roda, Karl Marx já apontava a muito este fato:

“A burguesia não pode existir sem constantemente revolucionar os instrumentos de produção e, assim, as relações de produção, e com elas todas as relações da sociedade…Revolução constante da produção, perturbação ininterrupta de todas as condições sociais, incerteza e agitação sem fim distinguem a época burguesa de todas as anteriores. Todas as relações fixas e ultracongeladas, com o seu leque de antigos e veneráveis preconceitos e opiniões, são varridas; todas as novas formadas tornam-se antiquadas antes de poderem ossificar. Tudo o que é sólido se desmancha no ar, tudo o que é sagrado é profanado, e o homem é finalmente obrigado a encarar com sentidos sóbrios suas reais condições de vida e suas relações com sua espécie.” (Marx e Engels, Manifesto do Partido Comunista.)

A saída para a classe trabalhadora

Diferente do pensamento neoliberal que a burguesia propaga, o sistema capitalista não é imutável. Marx e Engels demonstraram através do materialismo histórico dialético que não há um fim da história da humanidade com o capitalismo como sua última fase. Muito pelo contrário! Portanto, também não haveria um fim do mundo. E há apenas uma classe que pode destruir o sistema capitalista, frear as mudanças climáticas e destruição da natureza: a classe trabalhadora, maior interessada e a mais atingida por essa destruição climática. 

A organização e união da classe trabalhadora é urgente para reivindicar a derrota deste sistema, que já está falido. Tirar de vez do imaginário popular que é possível reformar ou salvar tal sistema. É possível construir uma sociedade mais justa livre da exploração da natureza e do homem, a sociedade socialista é tarefa da classe trabalhadora enquanto vanguarda organizada. 

Cabe a nós, homens e mulheres da classe trabalhadora, propagar sem medo o socialismo científico, desmentir as ideias do capitalismo, mostrando a verdadeira alternativa para “evitar o fim do mundo”. O povo organizado para fazer frente a tudo isso.

Como é costume ouvir hoje em dia: só o povo salva o povo! E as palavras de Karl Marx não estiveram tão atuais e urgentes: proletários do mundo, uni-vos!

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