Greve paralisa portos dos EUA por aumento de 50% nos salários

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Desde 1º de outubro, estivadores já cruzaram os braços em greve nos 36 principais portos dos EUA. Prejuízo à economia da potência capitalista pode chegar a 5 bilhões de dólares por dia, calcula jornal

Guilherme Arruda | Redação SP


Na última terça-feira (1º/10), os portuários dos Estados Unidos deflagraram uma greve nacional que reivindica um aumento de 50% nos salários da categoria. De acordo com o Sindicato Internacional dos Estivadores, que representa o segmento nos EUA, a paralisação já interrompeu as atividades de 36 dos principais portos estadunidenses.

45 mil trabalhadores já cruzaram os braços nesta que, desde 1977, é a primeira greve dos portos a acontecer nos Estados Unidos. Desde junho deste ano, sindicatos e patrões debatiam os termos de um novo acordo salarial, mas a falta de disposição do setor patronal de atender à exigência de aumentos salariais realmente expressivos fez as entidades sindicais deixarem as negociações.

A Maritime Alliance, que reúne as empresas donas de portos, chegou a tentar recorrer aos órgãos reguladores trabalhistas do país para forçar os trabalhadores a voltarem à mesa de discussão, mas sem sucesso. Nesse contexto, os portuários se viram forçados a se declarar em greve para fazer sua voz ser ouvida e a demanda de 50% de aumento ser atendida.

Um jornal norte-americano calcula que cada semana de greve nos portos poderá causar um prejuízo de até 7,5 bilhões de dólares à economia dos EUA, além de reduzir em 0,1% o crescimento do PIB daquele país. Já outra estimativa fala até de perdas diárias de 5 bilhões de dólares.

68% das exportações e 56% das importações estadunidenses passam pelos portos onde todas as máquinas estão paradas, revela a Associação Nacional de Fabricantes daquele país. Por isso, com o tempo, a paralisação também pode causar a interrupção da produção nas fábricas e indústrias norte-americanas.

Pressionado pela força demonstrada pelo movimento dos trabalhadores portuários, o presidente Joe Biden declarou que não utilizará os poderes da Lei Taft-Hartley (legislação norte-americana que o autoriza a forçar o fim da greve) para interromper a paralisação.

A deflagração de uma greve nacional com a exigência de aumentos salariais de 50% para a categoria é um novo indício do ressurgimento do movimento operário na maior potência capitalista do mundo. No ano passado, os trabalhadores da indústria automotiva dos EUA também promoveram uma paralisação em vários estados, que arrancou uma série de conquistas. São sinais de que, em todo mundo, a consciência de classe dos operários está crescendo e que as greves são cada vez mais reconhecidas como o principal instrumento da luta dos trabalhadores.

“As empresas de logística querem abocanhar lucros bilionários em 2024 e oferecer salários inaceitáveis para os trabalhadores. Os portuários do Sindicato Internacional dos Estivadores merecem ser recompensados pelo importante trabalho que fazem”, declarou o presidente da entidade sindical da categoria.