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terça-feira, 15 de outubro de 2024

Mulheres resistem à reintegração de posse de Casa de Referência em Campinas

Na contramão da importância do trabalho desenvolvido pelo Movimento de Mulheres Olga Benário em Campinas, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinou a reintegração de posse do imóvel da Ocupação Maria Lúcia Petit Vive. Mulheres prometem resistir à decisão

Mayara Fagundes e Talita Bezerra | Campinas (SP)


Em abril de 2023, nasce, em Campinas (SP), a Ocupação Maria Lúcia Petit Vive!, organizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benario para denunciar a realidade do município, onde são quase nulas as políticas de enfretamento à violência contra as mulheres. O imóvel que foi ocupado serve hoje de espaço para acolher mulheres em situação de violência e para organizar mais mulheres para lutar por seus direitos e por uma sociedade justa.

Para a psicóloga Daiana Cansian Vieira, a ocupação “faz atualmente aquilo que o sistema público de saúde, da assistência social e da área jurídica não dá conta de fazer”, e enfatiza que nesse espaço as atendidas têm “acesso à um cuidado humanizado, que respeita o tempo interno de cada mulher”.

Desde 2022, o Movimento Olga Benario realiza visitas aos serviços públicos para entender como acontece o acolhimento às mulheres. Na cidade de Campinas, foi constatada a precarização desses serviços e o descaso com a vida das mulheres pela atual gestão da Prefeitura, de Dário Saadi (Republicanos).

Enquanto isso, a violência contra as mulheres segue aumentando no país. Somente neste ano, o interior do Estado de São Paulo registrou 14 casos de feminicídios, além do número de medidas protetivas concedidas a mulheres ter aumentado 31% no primeiro semestre. A Polícia Civil registrou aumento de 17,2% nas ocorrências de estupro, com a maior parcela das ocorrências envolvendo crianças e adolescentes.

Na contramão dessas lutas, no último dia 16 de setembro, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinou a reintegração de posse do imóvel, que, antes de o Movimento ocupar, estava abandonado e sem cumprir função social.

Com o propósito de expor a força das mulheres organizadas e com consciência de que não há liminar de posse que resista ao poder popular, foi realizada assembleia em defesa da vida das mulheres, que reuniu dezenas de pessoas, entre militantes do Movimento e apoiadores, deliberando a realização de uma jornada de lutas, com calendário de panfletagens, tribunas, banquinhas e cinedebates, além da convocação de um ato na frente da Prefeitura para exigir que o poder público municipal se manifeste no processo e assuma sua devida responsabilidade.

O Movimento de Mulheres Olga Benario defende suas ocupações que sofrem ataques daqueles que deixam diversos imóveis mofando, para servir à especulação imobiliária. Assim, já algumas vitórias já foram conquistadas pelo país, como a sessão do imóvel onde hoje funciona a Casa da Mulher Trabalhadora Carolina Maria de Jesus, em Santo André (SP), e o imóvel da Casa Ieda Santos Delgado, no Distrito Federal.

Em Campinas, as mulheres seguem em luta para que a Prefeitura cumpra com a promessa feita, no início deste ano, de que faria sessão de um imóvel público para a Ocupação continuar sua atuação com mais estrutura e qualidade.

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