População de Natal exige melhorias no transporte público

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Trabalhadores relatam ao jornal A Verdade que o transporte público de Natal e região metropolitana, atualmente sob gestão privada, é completamente sucateado. Tarifa zero, contratos transparentes e gestão pública das linhas de ônibus foram algumas das demandas apresentadas

Redação RN


Não é de hoje que o transporte público de Natal (RN) e sua região metropolitana está em decadência, com sua infraestrutura cada vez mais sucateada. Desde a pandemia de COVID-19, a situação piorou, já que linhas importantes para os trabalhadores da capital potiguar foram descontinuadas. Além disso, os contratos de concessão seguem escondidos, não sendo disponibilizados para a população. Para completar, o preço da passagem é de R$4,50, alto se comparado com o de outras capitais brasileiras.

Por isso, o jornal A Verdade entrevistou seis trabalhadores e estudantes natalenses e da região metropolitana para ouvir suas opiniões sobre as atuais condições dos ônibus da cidade, recebendo seus testemunhos sobre o tempo que gastam no transporte público e como gostariam que fosse a política de mobilidade urbana da capital potiguar.

Situação de descaso e precarização

Os entrevistados, que utilizam o transporte público de Natal para ir ao trabalho e à faculdade, são unânimes em relatar um cenário de completo sucateamento. Raniele, que tem 20 anos e mora no bairro de Parnamirim (RN) conhecido como Liberdade, afirma que os veículos da linha que utiliza constantemente quebram no caminho, o que sugere que a manutenção dos carros é baixa ou inexistente. Já Leonardo, de 19 anos e morador do bairro natalense Cidade Esperança, complementa que além de não receberem manutenção, esses ônibus não são modernizados, já que não possuem ar condicionado e Internet como os ônibus de outras capitais.

Por isso, palavras como “horrível”, “ruim”, “decadente” e “não é dos melhores” foram utilizadas para descrever o sistema de transporte. Alvo de reclamações, o tempo médio de espera é próximo de 30 minutos, enquanto o tempo gasto nas viagens é de cerca de 1 hora. É o caso de Raimunda, senhora de 50 anos do bairro Guarapes, que afirma gastar cinco horas por dia entre espera nas paradas e em pé dentro dos carros.

Quando perguntadas sobre o modelo de governança do transporte público de Natal, a maioria das pessoas ouvidas pelo jornal A Verdade defendeu que um sistema estatal de gestão seria melhor para a qualidade do serviço.

Trabalhadores querem transporte estatal e gratuito

Por fim, todos afirmaram que o transporte público precisa mudar radicalmente. Mais linhas, veículos mais confortáveis, ar condicionado e Wi-Fi foram algumas das melhorias sugeridas pelos trabalhadores e estudantes. Para Gabriela, 20 anos, moradora de Parnamirim, os ônibus deveriam inclusive ser gratuitos para a população. Hoje, pagar a passagem consome uma parte importante do orçamento daqueles que usam o transporte público para trabalhar ou estudar e não recebem vale-transporte, pesando sobre o bolso de quem precisa fazer suas obrigações.

Das conversas com o jornal A Verdade, ficou clara a insatisfação de trabalhadores e estudantes com a mobilidade urbana de Natal. A população da cidade precisa ter acesso aos atuais contratos com as empresas privadas que operam as linhas de ônibus para cobrar melhorias, licitações mais transparentes ou até mesmo a estatização dos transportes, para que ele seja público e gratuito.

A opinião dos natalenses é clara: transportar-se não pode ser um privilégio! O transporte público é uma necessidade não só para que se possa trabalhar e estudar, e também para acessar a cultura, o esporte, o lazer e a praia, enfim, usufruir do direito à cidade. Como defende o programa da Unidade Popular em seu 8º ponto, é urgente a “estatização de todos os meios de transporte coletivos”, para que os trabalhadores e estudantes de Natal e de todas as cidades do Brasil tenham direito a um transporte público de qualidade.