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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Polícia Militar expulsa 50 famílias Akroá-Gamella da aldeia Barra do Correntinho, em Bom Jesus (PI)

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Celine Oliver Albuquerque | Teresina (PI)


BRASIL – Na manhã da quarta-feira, dia 13 de novembro, cerca de 50 famílias do povo Akroá–Gamella sofreram uma ação de despejo por parte da Polícia Militar na aldeia Barra do Correntinho, localizada no Município de Bom Jesus, Piauí. A ação, determinada pela Justiça Estadual, é referente à reintegração de posse do território por parte da empresa Agropecuária Bomboi LTDA. As famílias que viviam na região há mais de 20 anos foram obrigadas a deixar para trás suas moradias, além de áreas de produção agrícola e o cemitério da aldeia.

 

Perseguição e omissão da justiça

Em setembro deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública contra a União e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, que exigia a conclusão da demarcação do território Akroá-Gamella, que reivindicam, pelo menos, três áreas no estado do Piauí. A ação está, desde 2018, paralisada, uma vez que a Funai não formou o grupo técnico para o andamento dos estudos sobre a reintegração. Na ação, o MPF solicitou que a Justiça determinasse a retomada desses estudos e a formação de um grupo de trabalho em até 45 dias, caso contrário, a pena seria de multa diária. Segundo lideranças do povo, a área foi retomada há, pelo menos, 20 anos. Desde essa reivindicação, a comunidade Akroá-Gamella denuncia frequentes intimidações feitas por fazendeiros, que promovem a grilagem de terras, pulverização de agrotóxicos e bloqueio de acesso a áreas que deveriam ser de uso comum. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), nem a FUNAI, nem o MPF foram acionados pelas autoridades para a condução da reintegração.

O caso não é isolado. Desde os anos 60, há registros de os Akroá-Gamella terem seus territórios e existências ameaçados por fazendeiros e políticos locais, sendo muitas vezes expulsos de suas terras, como no recente acontecimento. O braço armado do estado remove à força uma população de sua terra, obrigando-a a deixar para trás suas formas de sustento, seus lares e suas memórias, em defesa do direito à terra a uma empresa privada, trazendo como retorno apenas o aumento da riqueza de um grande burguês. Essa ação é exemplo de como os interesses do capital são a prioridade para o Estado Brasileiro, que massacra, expulsa e hostiliza as populações originárias desde a invasão do território pelos europeus.

Essa é a essência do capitalismo, a dizimação de grande parte da
população em prol do lucro incessante para poucos. O avanço do capital ameaça as populações originárias e a classe trabalhadora de todo o mundo. A solução para acabar com o genocídio indígena é a construção de uma outra sociedade, a sociedade socialista, onde será possível de fato viver em paz e com direitos, não somente escritos no papel, mas postos em prática.

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