Assentamento em Tremembé (SP) onde 2 militantes do MST foram assassinados por grupo de bandidos armados já era alvo de assédio da especulação imobiliária. Movimento exige que governo de São Paulo promova investigação urgente para identificar culpados
Guilherme Arruda | Redação SP
BRASIL – Na noite de sexta-feira (10/1), bandidos armados atacaram o assentamento Olga Benário do MST, na cidade de Tremembé (SP), e mataram duas pessoas. O crime também deixou seis outras pessoas feridas, que estão hospitalizadas.
Os dois homens assassinados, Valdir do Nascimento (Valdirzão) e Gleison Barbosa de Carvalho eram militantes do MST. Em nota, o movimento destacou a responsabilidade do governo estadual de São Paulo, encabeçado pelo fascista Tarcísio de Freitas, pela conjuntura que criou as condições para o ataque. “A ausência de políticas públicas efetivas por parte do governo paulista deixa os territórios de Reforma Agrária vulneráveis e as famílias assentadas desprotegidas, reforçando um cenário de insegurança e violência”, aponta o documento.
Além disso, o MST ressalta que “o Assentamento Olga Benário enfrenta uma intensa disputa com a especulação imobiliária voltada para o turismo de lazer, devido à sua localização estratégica na região do Vale do Paraíba”, mas que as diversas denúncias de ameaças encaminhadas aos órgãos estaduais não foram respondidas com ações concretas das autoridades. Para Gilmar Mauro, da Coordenação Nacional do MST, os tiros na cabeça de Valdirzão, importante liderança dos sem-terra em Tremembé, provam que “o grupo [de bandidos] foi lá para aniquilá-lo”.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra também exigiu do governo a realização urgente de uma investigação que identifique os responsáveis pelo crime contra os assentados.
Manifestando sua solidariedade às famílias das vítimas, a presidente estadual da Unidade Popular pelo Socialismo (UP) de São Paulo, Vivian Mendes, avalia que o ataque vem em um contexto de escalada na violência contra os movimentos sociais no país. “Nos solidarizamos com o MST e com as famílias das vítimas desse brutal ataque, que representa mais um ato de violência fascista contra aqueles que lutam pelo direito à terra e à dignidade. É mais um crime fruto do especulação imobiliária, dos interesses dos ricos do nosso país, alimentado por discursos de ódio e pela criminalização dos movimentos sociais. Não podemos aceitar que a vida dos trabalhadores seja tirada por defenderem seus direitos”, afirmou Vivian ao jornal A Verdade.
No mesmo sentido, o presidente nacional da UP, Leonardo Péricles, manifestou sua solidariedade. “A escalada da perseguição e da violência contra os movimentos sociais é uma política expressa do fascismo, que nem se esforça mais em esconder seu desejo pelo sangue de lutadores populares. Nossa resposta deve ser crescer ainda mais os assentamentos, as lutas populares e acumular forças para criar a sociedade socialista, onde crimes como este não sejam possíveis”, disse.
Uma nota de apoio ao MST também foi divulgada no site da Unidade Popular.