Apesar dos milhões gastos em propaganda política veiculada pela prefeitura do Recife, e sem investir em reforma urbana, os bairros periféricos e o povo trabalhador sofrem com problemas antigos, como alagamentos em dias de chuva. Aqui um relato sobre as dificuldades enfrentadas pelas famílias moradoras do habitacional Ruy Frazão, condomínio dirigido pelo MLB na capital pernambucana.
Chico Mello | MLB Recife
CARTA –Na madrugada do último dia 28/01, famílias moradoras do Condomínio Residencial Ruy Frazão, conjunto habitacional localizado no bairro de Afogados – Recife (PE) e conquistado por meio de décadas de lutas do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, tiveram seus apartamentos alagados por fortes chuvas e esgoto. Foi mais uma noite de apuros para as centenas de famílias que, nas épocas de chuvas, perdem o sono e a tranquilidade ao ter dezenas de eletrodomésticos, móveis, alimentos e outros itens essenciais perdidos, além dos riscos à saúde trazidos pela contaminação do próprio esgoto.
Afogados é um histórico bairro operário popular e periférico, e mais uma região abandonada pelo descaso da prefeitura e do poder público. Falta de saneamento e escoamento dos canais e dutos, bueiros entupidos, lixo acumulado e ruas sem asfalto são alguns dos problemas exaustivos enfrentados pela classe trabalhadora, especialmente em épocas chuvosas.
Para piorar, o Habitacional Ruy Frazão, teve seu financiamento público subsidiado à construtora Exata Engenharia, empresa privada que deveria ser responsável pela construção do projeto, além de sua manutenção, mas, na prática, desde a inauguração do habitacional, há várias queixas e denúncias de problemas estruturais como rachaduras, infiltrações, retenção excessiva de calor, goteiras e desníveis. Além das constantes faltas de água e luz, problemas que escancaram os projetos de privatização de empresas públicas estratégicas aos serviços básicos necessários à população tem sido apresentados ao MLB, que dirige o condomínio com uma proposta de direção coletiva, ouvindo os moradores e organizando as demandas por meio de assembleias em uma gestão democrática.
Com o descaso da Exata Engenharia, as fortes chuvas dificultaram ainda mais a vida dos moradores do residencial. A empresa, por sua vez, não demonstra o menor interesse em resolver o problema na estrutura dos apartamentos. Para piorar, o descaso é tão grande por parte da prefeitura, que se quer cobertura de Agentes Comunitários de Saúde para os moradores do residencial tem, mesmo o Ruy Frazão tendo sido construído por meio do Minha Casa Minha Vida.
João Campos (PSB), prefeito milionário de Recife, se preocupa bastante com propagandas, mas o Recife fora da propaganda é marcado por violência, péssima estrutura, um transporte público precário e um déficit habitacional terrível. Quem paga o preço são os mais pobres. A governadora Raquel Lyra, responsável pela Companhia Estadual de Habitação (CEHAB), da mesma maneira foge à responsabilidade de prestar serviços à população, garantindo privilégios de banqueiros e grandes empreiteiras com prestação de contas que fecham o ano “no azul” por não ter cortado o orçamento necessário aos investimentos essenciais para o povo trabalhador.
Essa situação demonstra que dentro do sistema em que vivemos não basta conseguir o tão sonhado pronto da casa própria. É preciso ser consequente, defender um outro projeto de sociedade, uma verdadeira reforma urbana e cidades que no lugar de nos matar e nos deixar vivendo com medo dentro de casa seja uma realidade para todos os brasileiros.
Esta nota de repúdio ao descaso dos governantes chama à responsabilidade a Prefeitura do Recife e a Exata Engenharia pelos danos causados às nossas moradias, e também chama à luta trabalhadoras e trabalhadores, para nos organizarmos juntos nas fileiras do MLB, construirmos o poder popular e o socialismo, uma nova sociedade onde a própria classe trabalhadora terá condições de decidir os rumos da nação, garantir o direito à cidade, à moradia e trabalho dignos e eliminar a exploração capitalista do déficit habitacional.