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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Prefeitura de SP quer despejar 300 famílias na Zona Sul

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Moradores da Favela Esperança e da Favela do Boi, na Zona Sul de São Paulo, se mobilizam para barrar o despejo de suas comunidades. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) ameaça recorrer à polícia se a região não for desocupada até 24 de fevereiro

Bia Behling e Elania Santos | São Paulo (SP)


Neste início de ano, as comunidades da Favela Esperança e da Favela do Boi, localizadas na Vila Joaniza (Zona Sul de SP), travam uma luta contra uma tentativa de despejo promovida pela Prefeitura de São Paulo. Sob a justificativa da construção de um piscinão para conter enchentes, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) planeja remover cerca de 300 famílias da área, sem oferecer uma alternativa digna de moradia.

No último dia 26 de janeiro, os moradores organizaram uma manifestação que bloqueou a Av. Yervant Kissajikian, uma das principais vias da região, para chamar atenção à situação. Em resposta, representantes das secretarias de Habitação (Sehab) e Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) realizaram uma reunião com os moradores para defender o projeto. Segundo os moradores, as justificativas apresentadas não convenceram.

“Eles dizem que é para conter alagamentos, mas os moradores afirmaram que as enchentes já diminuíram drasticamente após as obras realizadas pela Sabesp no córrego Zavuvus. Nós não vemos necessidade dessa obra aqui”, afirmou Francisco, morador da comunidade.

Despejo e valores desatualizados

Os moradores também questionaram as alternativas oferecidas pela prefeitura. Entre as propostas criticadas, estava o pagamento de um auxílio-aluguel no valor de R$600,00 para parte das famílias, considerado insuficiente para cobrir as despesas com moradia em São Paulo. “Esse valor é o mesmo de seis anos atrás e não reflete a realidade do mercado imobiliário atual. Hoje em dia, não se aluga nem um banheiro por esse preço”, denunciou um dos moradores.

Além disso, os proprietários de terrenos particulares relataram terem recebido um comunicado exigindo a desocupação até o dia 24 de fevereiro, sob pena de uso de força policial.

A situação afeta 364 famílias, de acordo com os moradores. “Eles falam que a obra é para beneficiar a comunidade, mas vão arrancar a comunidade daqui. Nós somos a comunidade”, desabafou um manifestante.

A construção do piscinão é apresentada pela Prefeitura como parte de um plano para mitigar enchentes na região, mas os moradores acreditam que os verdadeiros beneficiários serão os empreendimentos imobiliários que cercam a área, cada vez mais presentes na Zona Sul de São Paulo. “Esse projeto parece muito mais voltado para os ricos do que para quem vive aqui”, apontou outro morador.

Próximos passos

O episódio lança luz sobre a necessidade de uma profunda reforma urbana popular para o povo que vive nos bairros, vilas e favelas, especialmente nos grandes centros urbanos, onde o avanço de projetos de infraestrutura frequentemente é utilizado como pano de fundo para os fascistas agirem contra os direitos dos trabalhadores.

Os moradores prometem continuar se mobilizando para impedir os despejos. A Prefeitura ainda não se manifestou sobre as críticas em relação aos valores oferecidos ou sobre a falta de alternativas habitacionais definitivas. A tensão deve aumentar nas próximas semanas, com o prazo de desocupação se aproximando, mas a população promete lutar.

“Nós queremos ser removidos apenas se for direto para uma nova casa, com as chaves na mão, e pelo valor justo para nossos terrenos”, completou o morador Francisco.

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