Durante o Encontro dos Estudantes Secundaristas da Região Metropolitana de São Paulo, foi fundada a Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (AMES-SP), visando aglutinar e impulsionar a luta secundarista na região.
Coordenação do Movimento Rebele-se SP
“O relato
[…] Naquele dia, meu corpo eles tombaram
Mesmo assim eu segui caminhando
Pois mil pernas jovens me levaram
E até hoje continuamos marchando
Por favor, conte sempre esse relato
Do protesto no restaurante Calabouço
Pois ainda queremos comida no prato
Nós somos Edson Luís de Lima Souto […]”
(Kay Lins, da UJR-SP)
Foi dessa forma que o Movimento Rebele-se iniciou o grandioso Encontro dos Estudantes Secundaristas da Região Metropolitana de São Paulo: rememorando um dos acontecimentos mais marcantes da história brasileira, o assassinato do estudante secundarista Edson Luís pelas mãos da ditadura militar, em 1968.
Diante do cenário atual da educação, não é raro encontrar salas de aula ocupadas por estudantes exaustos, indignados e especialmente revoltados com o sistema. É o sistema capitalista que permite aos políticos — representantes dos ricos — orquestrar em São Paulo um esquema de educação limitante, que expulsa a juventude mais pobre da sala de aula e, pra quem fica, impõe projetos que sugam a qualidade do ensino gratuito, minando a emancipação, o desenvolvimento do senso crítico e o futuro.
O interesse por trás do sucateamento das escolas públicas é claro. A burguesia brasileira segue na tentativa de manter a juventude trabalhadora nas piores condições de vida, amarrada a seus grilhões, enquanto expande seu lucro no “mercado da educação”. Exemplo disso é o próprio CMSP (Centro de Mídias do Estado de São Paulo): à medida que o conteúdo dos itinerários “nada formativos” oferecido é vazio e insuficiente, empresas como Alura (contratada pelo Governo Tarcísio em 2023 por R$30 milhões sem licitação) escoam o dinheiro público para o bolso do empresariado.
Ainda assim, apesar das investidas desses sujeitos contra nós, os estudantes da região metropolitana de São Paulo não se rendem! Inspirados pela luta dos que tombaram na ditadura, o dia 28 de março foi marcado pela energia, combatividade e vontade de mudar completamente os rumos do movimento estudantil através da mobilização e da luta unificada entre as entidades e os grêmios dessas regiões.
Organizar um movimento estudantil verdadeiramente combativo
O Encontro, que contou com a presença de cerca de 150 estudantes de mais de 40 escolas espalhadas por 12 municípios da Grande São Paulo, foi marcado pelo sentimento da necessidade concreta de batalhar por uma educação de qualidade.
As intervenções dos grupos de debate deixaram claro o que isso significa: erguer ainda mais alto a bandeira dos grêmios livres, avançar a luta por mais orçamento para a educação e intensificar as batalhas contra os programas limitantes do Novo Ensino Médio e da Cívico-Militarização das escolas.
“Nos grupos de trabalho, tivemos a oportunidade de refletir sobre nossa escola e elaborar sobre o futuro da luta dos secundaristas de São Paulo”, avaliou Ana Leite, diretora da UBES pelo Movimento Rebele-se.
Onde houverem grêmios censurados, onde os estudantes rebeldes sofrerem perseguição política, devem se levantar aqueles que estão decidindo construir um amanhã diferente para o movimento estudantil.
Foi frente à necessidade de unificar esse movimento combativo, frente à insatisfação com o setor do imobilismo governista, que nasceu a proposta de fundação de uma nova entidade de luta dos estudantes da Grande São Paulo: a Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (AMES-SP).
28 de março e a luta por Memória, Verdade e Justiça!

Nascida para o combate, a novíssima AMES-SP iniciou seus trabalhos em manifestação pelo centro da cidade de São Paulo. Os estudantes caminharam da FATEC SP, onde foi sediado o encontro, até o Memorial da Resistência (antigo DOPS) para denunciar os golpistas de ontem e hoje, pedir a abertura dos arquivos da ditadura militar e repudiar completamente o projeto de fascistização da sociedade e de militarização das escolas paulistas.
“Conhecemos na pele a violência policial do lado de fora, que inclusive tem aumentado, e por isso não queremos policial nenhum do lado de dentro do muro”, disse Laura Machado, estudante do Extremo Sul da capital paulista. É preciso transformar a palavra de ordem “escola não é quartel” em realidade, defendem os estudantes.
Nessa sexta-feira histórica para os estudantes da Grande São Paulo, inicia-se um novo tempo para a organização e crescente das lutas na região. É nosso dever construir uma grande jornada, de escola em escola, sala em sala, que incendeie a luta estudantil e traga grandes conquistas para os jovens paulistas. É só com luta que se conquista!
“AMES-SP
de luta e ação
combatividade
pra mudar a educação!”