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domingo, 30 de março de 2025

Nota: Repúdio às agressões da PM-SP contra jornalistas do jornal A Verdade

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Repórteres e fotojornalistas enfrentam agressões físicas, intimidações e até detenções arbitrárias durante a cobertura de manifestações, evidenciando os riscos crescentes para a liberdade de imprensa e os desafios da proteção aos profissionais da mídia em contextos de protesto e repressão policial.

Redação SP


Nesta quinta-feira, uma manifestação contra a privatização de três linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), em São Paulo, terminou com violência. Muitos manifestantes saíram feridos e pelo menos três foram presos. Entre os atingidos pela repressão policial estavam jornalistas que acompanhavam o ato e foram impedidos de exercer seu trabalho. Mesmo identificados, profissionais da imprensa sofreram agressões, foram alvo de spray de pimenta e golpes de cassetete, em um episódio que reforça a escalada da repressão contra a comunicação independente.

Wildally Souza, fotojornalista que cobria a manifestação, relatou que a equipe de imprensa já estava atenta à possibilidade de violência. “A todo momento estávamos muito espertos e preparados para a repressão, porque cobrimos diariamente a violência policial contra o povo e sabemos que ela acontece por nada”, afirmou. No momento da dispersão, os jornalistas se posicionaram à frente do cordão de manifestantes, mas foram duramente atacados pela polícia. “Quando a polícia foi pra cima só pensamos em garantir as fotos com a máxima segurança, protegendo uns aos outros, mas foi muito violento”, completou.

As agressões se intensificaram conforme a repressão avançava. “Por várias vezes fui acertado com golpes de cassetetes e spray de pimenta”, relatou o fotojornalista, que também destacou a dificuldade de registrar as imagens em meio ao caos. “No momento mais tenso, foi quase impossível tirar qualquer foto, porque o gás estava muito forte e as bombas vinham de todos os lados.”

Outro jornalista, Guilherme Goya, repórter que cobria a manifestação, também foi impedido de exercer seu trabalho. “A repressão foi muito forte, no momento em que o prédio da Secretaria já estava desocupado. Eu estava entre o cordão de manifestantes e a polícia, e em diversos momentos fui coibido pelos policiais de exercer o meu trabalho, mesmo com a credencial de imprensa”, afirmou. Mesmo identificado, ele foi alvo de violência policial enquanto tentava registrar as prisões. “Na tentativa de gravar a prisão de uma das manifestantes, fui empurrado por um dos policiais.”

A tentativa de documentar os abusos foi recebida com ainda mais truculência. “Quando estava registrando uma agressão muito forte, cheguei a receber golpes de cassetetes na altura da bacia, que ocasionou um hematoma no local”, relatou o repórter. Além disso, o uso de agentes químicos para dispersão acabou atingindo diretamente os profissionais de imprensa. “Também recebi spray de pimenta diretamente nos olhos”, acrescentou.

A impossibilidade de registrar imagens e relatos de manifestações compromete não apenas o trabalho jornalístico, mas também o direito da população à informação. Muitas das agressões cometidas por agentes do Estado contra manifestantes e jornalistas só são documentadas graças ao trabalho da imprensa, uma vez que nem todos os policiais fazem uso das câmeras corporais que deveriam registrar suas ações. Em diversos casos, mesmo quando esses equipamentos estão presentes, há relatos de que são desligados ou cobertos, dificultando a produção de provas contra os abusos cometidos durante operações policiais.

Sem o registro independente, episódios de violência policial podem facilmente ser apagados ou distorcidos nos discursos oficiais, reforçando a impunidade. Organizações que monitoram a liberdade de imprensa alertam para o crescimento da hostilidade contra profissionais da comunicação, destacando que a violência não se limita apenas à agressão física, mas também inclui intimidação psicológica e tentativas de censura.

Em um contexto de crescente tensão entre a burguesia, que se esconde atrás de seus cães de guarda fardados, e a classe trabalhadora, que está cada dia mais consciente e desperta para a luta organizada, trabalho da imprensa se torna ainda mais essencial para documentar os fatos e garantir que abusos sejam denunciados. A violência contra jornalistas é uma afronta direta ao direito à informação e às garantias democráticas, exigindo respostas rápidas e eficazes de autoridades e entidades defensoras da liberdade de imprensa.

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