Ngange Mbaye, trabalhador do Senegal, foi assassinado a tiros pela Polícia Militar durante uma operação de repressão aos camelôs na região do Brás. Manifestação pediu o fim da violência policial, do racismo e da discriminação contra imigrantes
Redação SP
Nesta segunda-feira (14/4), uma manifestação no centro de São Paulo denunciou a morte de Ngange Mbaye, trabalhador imigrante assassinado pela Polícia Militar paulista na semana passada. Nascido no Senegal, Ngange tinha 34 anos, trabalhava no comércio informal e deixa uma mulher grávida de sete meses.
O ato, que saiu da Praça da República, denunciou a violência policial e o racismo envolvidos na morte de Ngange. Ele foi baleado por um agente da Polícia Militar durante uma operação de repressão aos camelôs da região comercial do Brás, ocorrida na última sexta-feira (11/4). Não se trata da primeira vez que uma dessas ações do Estado resulta no assassinato de um trabalhador africano: em abril do ano passado, o também senegalês Talla Mbaye morreu após ser jogado da janela do sexto andar durante uma operação policial na capital paulista. Antes, em 2022, o gambiano Bubacarr Dukureh foi assassinado durante uma abordagem no bairro dos Jardins.
A mobilização denunciou que a população imigrante no Brasil convive todos os dias com a truculência da Polícia Militar, que oprime um segmento já tornado vulnerável pelas dificuldades da migração e da sobrevivência com empregos informais. Os trabalhadores alertaram que a prefeitura de São Paulo não terá sossego até que sejam tomadas providências que ponham um fim a esse cotidiano de violência.
Convocado pela comunidade senegalesa e pelos familiares e amigos de Ngange Mbaye, o ato também contou com a participação de movimentos sociais e partidos, como a Frente Negra Revolucionária (FNR), a Unidade Popular pelo Socialismo (UP) e o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Os militantes levaram a solidariedade dos trabalhadores brasileiros com a luta da população migrante por uma vida digna.