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sexta-feira, 11 de abril de 2025

Campanha por democracia na UNE

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Conselho de Entidades Gerais se reunirá em 17 e 18 de abril, em São Paulo, para convocar o Congresso da UNE

Vitor Davidovich | Movimento Correnteza


EDUCAÇÃO – Nos dias 17 e 18 de abril, será realizado, em São Paulo, o Conselho Nacional de Entidades Gerais da União Nacional dos Estudantes, instância responsável por convocar o Congresso da UNE e aprovar seu regimento.

A UNE foi criada em 1937 e sua história está intimamente ligada às lutas do povo brasileiro. Em 1940, tomou posição contra o nazifascismo e defendeu a ruptura do Brasil com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Nos anos seguintes, a UNE participou da grande mobilização popular que exigia que o petróleo fosse tratado como uma riqueza nacional e que os lucros de sua exploração significassem melhorias de vida para o povo brasileiro.

A Ditadura Militar, instaurada em 1964, perseguiu incessantemente a UNE e o movimento estudantil. Em 1968, o 30º Congresso da entidade foi invadido pelos militares, que prenderam mais de 900 estudantes. Em 1973, Honestino Guimarães, então presidente da UNE, foi assassinado pelos militares fascistas. Os casos de perseguição, tortura e assassinato de estudantes que lutavam contra a Ditadura são incontáveis.

Negando as lutas no passado

Apesar do passado de luta intransigente pela educação pública e pela democracia, hoje prevalece o imobilismo na UNE. Os grupos que ocupam a maior parte das diretorias da entidade (PCdoB e PT) estão intimamente ligados ao Governo Federal e, por isso, trabalham para frear qualquer mobilização que conteste a política econômica do governo. Exemplo disso foi a posição desses grupos diante da greve dos servidores e professores em 2024 – invés de apoiar a justa reivindicação dos trabalhadores e usar a greve para impulsionar as reivindicações dos estudantes, trabalharam contra.

Agora, no momento em que é debatida a lei orçamentária, a entidade tem restringido sua defesa à ampliação do orçamento das Universidades em R$ 1,3 bilhão. A vitória seria importante, mas ainda muito distante de ser a solução para os problemas concretos vivenciados diariamente pelos estudantes, como a falta de vagas no ensino superior público, a falta de restaurantes e alojamentos, a precariedade de laboratórios, salas de aula, banheiros e outras estruturas, e diversos outros problemas.

Isso porque a atual direção da UNE se limita a pautas que o Governo aceita, mas abandona, por exemplo, a luta pela auditoria e suspensão dos pagamentos da Dívida Pública, maior esquema de corrupção do país. Esses pagamentos se destinam a banqueiros e especuladores do mercado financeiro e, segundo dados da Auditoria Cidadã da Dívida, consumiram 43% de todo orçamento de 2024 do Estado brasileiro, correspondendo a R$ 5,5 bilhões por dia. Em comparação, a educação recebeu 2,95% do orçamento.

A postura da atual direção da entidade, entretanto, não encontra passividade entre os estudantes das universidades brasileiras, que buscam se organizar e lutar por orçamento e diversas outras reivindicações. Como é, então, que esses grupos imobilistas continuam se elegendo para presidir a entidade?

Fraudes

A cada dois anos, estudantes elegem em suas universidades representantes (delegados) para participarem do Congresso da UNE. Essas eleições, entretanto, são marcadas, muitas vezes, por fraudes.

A principal estratégia utilizada pelos grupos que hoje controlam a UNE é a impugnação de chapas de oposição. Em especial em grandes universidades particulares, esses grupos criam diretórios estudantis falsos para organizar as eleições, estabelecem critérios absurdos para a inscrição das chapas e exigem o cumprimento desses critérios apenas para a oposição, sem qualquer isonomia. Assim, são eleitos milhares de delegados sem que a oposição tenha o direito de participar das eleições.

Para piorar, no Congresso o voto não é secreto! Assim como ocorria há cem anos no Brasil, os grupos que controlam a entidade usam de ameaças e coagem os estudantes a votarem na chapa da situação.

Campanha por democracia

Diante desse grave quadro, estudantes de diversas universidades estão realizando uma campanha por democracia na União Nacional dos Estudantes, reunindo diversos movimentos e exigindo a igualdade de critérios para a inscrição de chapas, o voto secreto no Congresso e o direito da oposição em fiscalizar o processo.

O principal passo da campanha, contudo, é a organização dos Diretórios Estudantis nas universidades particulares, já que esse é o principal método de fraude da atual direção. Outros obstáculos também se impõem, como a resistência por parte dessas instituições privadas, que não desejam ver o movimento estudantil organizado, defendendo mais vagas em instituições públicas, fim dos aumentos abusivos nas mensalidades e outras medidas. Eles instalam catracas para impedir o acesso dos movimentos e, por vezes, proíbem a entrada.

Nessas instituições, o movimento estudantil enfrenta diretamente os grandes capitalistas que lucram com a educação privada. Mais de 79% dos estudantes do ensino superior estão nessas instituições e, portanto, não é possível desenvolver o movimento estudantil no Brasil sem enfrentar esse desafio.

Para transformar a UNE e trazê-la de volta para o cotidiano dos estudantes e de nossas reivindicações, o Movimento Correnteza está preparando uma grande bancada para o Coneg. Convidamos todos os estudantes a se somarem nessa luta, organizando seus Diretórios Centrais em cada universidade e a participando do Coneg e do Congresso da UNE com o Correnteza.

As palavras convencem e o exemplo arrasta!

Matéria publicada na edição impressa nº 309 de A Verdade 

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