Sob pressão de parlamentares fascistas e do Centrão, Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou a continuidade o processo de cassação do mandato do socialista Glauber Braga.
Felipe Annunziata | Redação
BRASIL – Em mais uma sessão de cartas marcadas, deputados de partidos do Centrão e da bancada fascista da Câmara forçaram a aprovação do processo de cassação de Glauber Braga. O deputado socialista é vítima de uma perseguição política patrocinada pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) por sua oposição ao esquema de corrupção do Orçamento Secreto.
A sessão desta terça (29) contou com uma forte mobilização popular em apoio a Glauber, liderada pelo movimento sindical presente na Marcha da Classe Trabalhadora. Durante todas as sessões de debate sobre a cassação de Glauber, a pressão popular, de trabalhadores e estudantes, tem sido uma constante.
“Deputados, eu entendo que alguns dos senhores queiram se vingar de mim neste momento, por conta das minhas posições políticas. Entendo. Agora, independentemente disso, a defesa do mandato neste momento se faz como uma garantia pelas liberdades democráticas e por muita gente que não está sentada nesta cadeira neste momento, mas que tem expectativa nesta sessão.”, afirmou o deputado mostrando a inconstitucionalidade de sua cassação.
Socialistas já foram perseguidos no Parlamento no passado
Todas as articulações de Arthur Lira e de lideranças do Centrão tem mostrado um desejo deste setor em criar um chamado “precedente” para poder no futuro ampliar a perseguição à deputados progressistas ou de esquerda.
Hoje, o Centrão já controla cerca de 60 bilhões de reais do orçamento federal no esquema do chamado “Orçamento Secreto”. Este dinheiro é usado em obras e “projetos” com fortes indícios de corrupção e desvio de verbas que depois são usadas para comprar votos de eleitores durante as eleições municipais e parlamentares.
O objetivo agora parece ser ter também o controle sobre quem pode e quem não pode exercer o mandato parlamentar. Mesmo Glauber tendo tido 78 mil votos no Rio, não ser acusado em nenhum esquema de corrupção e ter forte apoio popular no estado e no país, está sendo alvo da cassação por se colocar como oposição ao comando do Centrão na Câmara.
Há mais de 100 anos, os antepassados do atual “Centrão” já controlavam a Câmara dos Deputados e faziam uma série de manobras para impedir a eleição e cassar de deputados socialistas, progressistas ou de oposição naquela época. Este processo ficou conhecido como a “degola” de deputados. Foi assim que as grandes famílias latifundiárias mantiveram o controle do Estado por 40 anos durante a chamada “República Velha”. Arthur Lira parece querer voltar com este sistema.
Durante a sessão, a deputada Sâmia Bonfim lembrou do histórico de perseguições contra deputados socialistas no passado, lembrando da Ditadura Militar Fascista, que cassou 40 parlamentares e da cassação dos deputados do antigo PCB, em 1947. Naquela época, masi de 10 deputados e o então senador comunista Luis Carlos Prestes foram cassados arbitrariamente por defenderem o socialismo dentro do Parlamento brasileiro.
Mobilização popular contra a cassação continua
Mesmo com o resultado, Glauber insistiu na necessidade da continuidade da mobilização popular como única arma para barrar o golpe do Centrão e dos fascistas. O parlamentar socialista prometeu circular todos os estados do país em atos políticos para denunciar a perseguição e dialogar com a população sobre a sua cassação.
A ideia é ampliar a pressão popular para fazer os deputados do Centrão a recuar. No início de abril, o deputado ficou 9 dias em greve de fome, fruto desta posição, Glauber conseguiu a garantia do presidente da Câmara Hugo Motta de que não pautaria a cassação por 60 dias após a sessão de hoje.
Agora o objetivo é continuar este processo de pressão por outros meios. Atos já estão sendo organizado em mais de uma dezena de estados como parte desta campanha do deputado. Partidos, como a UP, organizações políticas e movimentos sociais já estão se mobilizando para ampliar a pauta em defesa do mandato socialista de Glauber.