Glauber Braga não se intimidou diante da aprovação do parecer favorável à cassação no Conselho de Ética, e seguirá denunciando o caráter golpista do processo no plenário da Câmara dos Deputados. UP e movimentos sociais estão presentes na luta em apoio ao mandato legítimo de Glauber
Alexandre Ferreira e Guilherme Arruda
Nesta quarta-feira (9/4), a Comissão de Ética da Câmara dos Deputados aprovou a cassação do mandato do parlamentar Glauber Braga (PSOL-RJ), em represália por sua atuação combativa e a favor dos trabalhadores no Congresso Nacional. A votação ainda não significa a perda do mandato, que só será cassado caso a decisão seja aprovada pelo plenário da casa.
Contando com a solidariedade de dezenas de membros de organizações políticas e movimentos sociais presentes, inclusive da Unidade Popular (UP), Glauber Braga alertou que a cassação é um processo político que tenta calar suas denúncias contra o Orçamento Secreto e outras manobras do Centrão. Os parlamentares desse grupo, com o apoio explícito do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), se apropriam ilegalmente de verbas públicas e as utilizam sem nenhuma transparência para beneficiar suas políticas oligárquicas.
Dando continuidade à luta contra o caráter golpista da tentativa de cassação de seu mandato, que anula a vontade legítima dos eleitores e do povo do Rio de Janeiro, Glauber anunciou uma greve de fome e informou que não sairá da Câmara dos Deputados até a votação no plenário.

Votação armada
Como denunciaram os militantes da UP que estavam no local, a sessão do Conselho de Ética foi marcada pelo clima de armação dos líderes do Centrão. De acordo com o regimento da Câmara, todas as comissões e conselhos devem parar de funcionar quando o plenário da casa começa sua sessão. Normalmente, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), dá início aos trabalhos às 16h30. Hoje, porém, para garantir o andamento da cassação de Glauber, só os iniciou depois das 19h.
Na sessão, foi aprovado um relatório favorável à cassação preparado pelo deputado Paulo Magalhães (PSD-BA). A escolha desse parlamentar para a relatoria escancara mais ainda o caráter político do processo. Em 2001, o deputado Paulo agrediu na Câmara um jornalista que havia escrito um livro de denúncias contra seu tio, o oligarca baiano Antônio Carlos Magalhães (ACM), e não sofreu nenhuma punição e nem perdeu seu mandato.
Em agosto do ano passado, Paulo Magalhães se absteve na votação da cassação de Chiquinho Brazão, o mandante do assassinato de Marielle Franco. Seguindo com sua conduta hipócrita, o relator se recusou a responder qualquer pergunta durante a sessão que aprovou a cassação de Glauber.

Luta segue para o plenário
Em apoio à luta democrática contra a cassação de Glauber, a Unidade Popular esteve presente em várias reuniões do Conselho de Ética no último período e também acompanhou todo o processo desta quarta-feira.
Agora que o processo segue para o plenário da Câmara dos Deputados, o partido seguirá mobilizado ombro a ombro com Glauber Braga e todos os lutadores populares, para impedir que o Centrão e os fascistas do Congresso Nacional cassem o mandato de um legítimo representante do povo trabalhador.