Atos em todo país lembraram a luta contra a Ditadura Militar Fascista e exigiram punição para torturadores e golpistas.
Redação
BRASIL – No mês em que se completaram 61 anos do golpe militar de 1964, os militantes políticos que lutam por memória, verdade e justiça deram mais uma prova de como estas bandeiras seguem cada vez mais vivas. Atos em repúdio ao golpe foram realizados em praticamente todas a capitais brasileiras no dia 1º. Um destaque foi a ousada ação de militantes do Partido Comunista Revolucionário em Belo Horizonte (MG), que ocuparam (e ainda permanecem) a sede de um antigo centro de torturas (ver crônica abaixo).
No mesmo dia, aconteceu uma sessão especial do Conselho Superior da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que aprovou um requerimento pela diplomação post mortem de três de seus ex-alunos assassinados pela ditadura: Manoel Lisboa de Moura (PCR), Gastone Lúcia Beltrão (ALN) e José Dalmo Lins (PCB). A dos conselhos ficou lotada de estudantes, militantes, professores, familiares e ex-presos políticos, entre eles, Edival Nunes Cajá, representando o Comitê Central do PCR, que fez uma exposição sobre a luta de Manoel Lisboa. Destaque também para a presença de Iracilda Moura, sobrinha de Manoel e professora da instituição. Em novembro, será realizada a solenidade de diplomação durante a Bienal do Livro da UFAL, em Maceió.
Já em João Pessoa (PB), nos dias 11, 12 e 13 de abril, realizou-se o 9º Encontro de Comitês e Comissões por Memória, Verdade e Justiça do Norte-Nordeste. O evento se deu num momento bastante propício na capital paraibana, pois o Ministério Público da Paraíba ajuizou uma ação civil pública para que a Prefeitura de João Pessoa e a Câmara Municipal adotem, no prazo de 90 dias, medidas legais para a renomeação de ruas, avenidas, edifícios e instituições públicas que ainda homenageiam pessoal ligadas à ditadura militar, seguindo as recomendações da Comissão Nacional da Verdade.
“O encontro foi um êxito completo. Todos os participantes trabalharam em cinco grupos temáticos para concluir, de forma unitária, inspirados nos heroicos exemplos de João Pedro Teixeira, de Nego Fuba, Pedro Fazendeiro e Elizabeth Teixeira (que com seus 100 anos de vida, foi homenageada no Encontro), exigindo do atual Governo Federal que aplique, sem vacilação, a Justiça de Transição. Isto é, que puna exemplarmente todos os golpistas de 1º de abril de 1964 e de 08 de janeiro de 2023, para que não se repitam nunca mais ditaduras militares a serviço do grande capital do Brasil e dos Estados Unidos e do fascismo. Durante 21 anos, um Estado terrorista assassinou mais de 10 mil brasileiros e brasileiras e tudo isso impune até hoje. Por isso, é urgente a reinterpretação da Lei da Anistia por parte do Supremo Tribunal Federal”.
O 9º Encontro foi concluído com a aprovação da Carta, já convocando o 10º Encontro. Ainda foi realizada uma visita ao Memorial das Ligas Camponesas em Sapé.
Matéria publicada na edição n° 311 do Jornal A Verdade.