Trabalhadores da Argentina organizam terceira paralisação nacional contra as políticas liberais de Javier Milei. Situação econômica da Argentina agrava as condições de vida
Fernando Alves | Redação
Nos dias 9 e 10 de abril, trabalhadores e trabalhadoras da Argentina realizaram a terceira paralisação nacional contra o pacote de medidas econômicas do governo do presidente fascista Javier Milei.
A paralisação contou com amplo apoio popular e reuniu diversos setores econômicos e categorias de trabalhadores. A unidade das centrais sindicais e sindicatos combativos conseguiu a adesão de 90% de trabalhadores do setor industrial em algumas regiões do país. Nos ramos dos transportes (aéreo, portuário, ferroviário, urbano de passageiros) e do comércio, a adesão foi total.
Para fortalecer a mobilização foram realizados piquetes e atos conjuntos, mais conhecidos como multisetoriais. Também ocorreram importantes assembleias operárias, como a dos petroleiros de Neuquén. As mobilizações chegaram até aos trabalhadores da economia informal e não faltou apoio aos trabalhadores aposentados.
Avançou a luta contra as políticas do governo. Em resposta, Javier Milei promoveu uma grande repressão no país.
Empréstimo do FMI
Com um “crédito” de US$ 200 milhões, o Fundo Monetário Internacional (FMI) retoma as negociações do pagamento da dívida externa da Argentina. Essa velha política de empréstimo estimula o crescimento da dívida Argentina, aumenta a dependência econômica do país aos banqueiros internacionais e tenta ajudar Milei a sair do atoleiro que esse governo se meteu.
É a farra dos banqueiros, já que, além do FMI, o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e outros organismos financeiros internacionais estão de olho nos setores estratégicos da economia nacional. Num passe de mágica, a dívida Argentina cresceu em mais US$ 40 bilhões, aumentando ainda mais a dependência aos países imperialistas.
Com o agravamento da crise do sistema capitalista mundial, impulsionada pelas medidas de taxação do governo de Donald Trump nos EUA, o Governo Milei escancara sua submissão e a entrega das riquezas produzidas pelas classes trabalhadoras do país aos abutres da especulação internacional.
Em troca desse “generoso empréstimo”, o FMI impôs a imediata desvalorização do peso argentino em 30%, determinou o aumento do severo ajuste fiscal dos alimentos, das tarifas dos transportes e dos serviços, a privatização das empresas estatais estratégicas, a implantação da reforma trabalhista e a flexibilização total do regime de trabalho, a privatização da água e um severo ajuste fiscal.
Outra exigência dos banqueiros é a Reforma da Previdência, com o aumento do tempo de trabalho de 60 para 65 anos para as mulheres e de 65 para 68/70 anos para os homens, além do aumento do tempo de contribuição de 30 para 35 anos.
Diante dessa situação, os protestos crescentes nas ruas de todo o país exigem “Fora daqui o FMI!” e “Fora o FMI da Argentina!”.
A China também vem negociando com o Governo Milei várias medidas, como prolongar o crédito swap e um empréstimo no montante de US$ 5 bilhões. Porém, ainda não se sabe quais são as exigências de Xi Jinping para sacrificar o povo argentino.
Mesmo com a repressão, a classe trabalhadora da Argentina vem se organizando e está unida na luta em defesa de seus direitos e pela soberania nacional, exigindo a imediata suspensão do pagamento dos juros da dívida externa. As jornadas e paralisações nacionais continuarão até a derrubada de toda a política nefasta de Javier Milei e a derrocada de seu governo reacionário.
As lutas e a resistência do povo argentino são importantes ensinamentos para os trabalhadores e trabalhadoras da América Latina e do mundo.