UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Em São Carlos (SP), luta popular conquista passe-livre aos finais de semana

Leia também

Na cidade de São Carlos, no interior de São Paulo, luta popular dirigida pela Unidade Popular e o Movimento Luta de Classes, junto com outros movimentos sociais, conquista o passe-livre nos finais de semana.

Vitor Fabris e Ivan Borgueti | São Carlos (SP)


LUTA POPULAR – No dia 02/04, a Prefeitura de São Carlos, por meio da sua página oficial no Instagram, anunciou aos moradores que a partir de 1º de maio haverá passe-livre no transporte público aos finais de semana. Isso foi o resultado de uma extensa mobilização popular, que teve início ainda no começo deste ano, como resposta a uma onda de ataques ao nosso povo em várias cidades do país mediante o aumento das tarifas de ônibus – em São Carlos, o prefeito Netto Donato (PP) havia então aumentado a tarifa de R$4,50 para R$5,25.

A intensa pressão popular, construída junto aos movimentos sociais e partidos políticos da cidade – como o Movimento Luta de Classes (MLC) e a Unidade Popular pelo Socialismo (UP), – foi exercida por meio de panfletagens, agitações e um plebiscito fez com que o fascista Netto Donato, conhecido por ter tentado expulsar famílias de suas casas no bairro Cidade Aracy dois dias após ter sido eleito, se comprometesse com o passe-livre aos finais de semana.

Audiência pública

Um dia após o anúncio, a cidade presenciou uma audiência pública sobre o transporte municipal, onde problemas relacionados à prestação do serviço seriam discutidos.

A audiência foi marcada por descontentamento e revolta por parte do povo presente. A tarifa caríssima, o serviço precário, o descaso com a acessibilidade, e a falta de linhas suficientes para atender os trabalhadores da cidade foram todos pontos abordados pelos presentes durante a abertura do plenário.

Falando sobre o contrato de R$50 milhões que São Carlos tem com uma empresa privada de transporte, a SOU São Carlos, Osmar Ângelo, morador da cidade, disse: “Ando de ônibus todo dia e a gente conhece a fundo os problemas. A primeira coisa que eu faria é uma auditoria em cima desse contrato”.

Ivan Borgueti, militante da UP e morador do Redenção, deixou claro que o passe-livre no final de semana é uma conquista importante, mas insuficiente para o trabalhador. “Estamos reivindicando um passe-livre para todos os dias; um passe-livre que não fique restrito aos finais de semana e aos feriados. Afinal, na nossa cidade, temos bairros em que nem passam ônibus aos finais de semana!”

Laisi, Coordenadora-Geral do DCE Livre UFSCar, após o vereador Julio Cesar (PL) solicitar aos manifestantes que fossem objetivos em suas falas, devolveu: “Eu não consigo ser objetiva porque essa questão é sobre o trabalho e a vida das pessoas. Um trabalhador que ganha um salário mínimo e paga R$5,25 no transporte gasta 15% do seu salário só para se locomover ao trabalho. E esse dinheiro faz falta na comida, dentro de casa, no aluguel. É isso que a questão da tarifa traz para a gente.”

Passe-livre para todo mundo, todos os dias!

É assim que o povo são-carlense se sente com o transporte municipal. Miguel Magalhães, estudante do IFSP, disse ao jornal A Verdade a situação de estudantes como ele: “No IFSP enfrentamos muitos problemas como a superlotação nos ônibus e a falta de respeito com os alunos e servidores dentro desses transportes públicos, causando diversos problemas e até alguns perigos para aqueles que estão no ônibus.”

Alessandro, morador do Cidade Aracy, nos conta a situação que os trabalhadores desse bairro enfrentam: “Como morador do Aracy, o que mais vejo são ônibus lotados, com gente se espremendo como sardinha por falta de opção. É desumano depender de um transporte que não comporta a demanda e ainda tentar chegar em casa com um mínimo de dignidade.”

E ainda adiciona: “Vejo a tarifa zero aos finais de semana como uma conquista, sim, mas está longe de ser suficiente. As empresas que ganham as licitações do transporte público movimentam contratos milionários, então limitar a gratuidade apenas aos fins de semana não é justo com quem depende do ônibus todos os dias. O transporte deveria ser tratado como um direito, não um privilégio ocasional!”

Por isso, a UP e o MLC, junto com outros movimentos sociais, continuam sua luta por um transporte público de qualidade, gratuito e controlado pelos trabalhadores de São Carlos. O passe-livre no final de semana não é suficiente: queremos acessar livremente nossa cidade! Queremos trabalhar e estudar sem ter que deixar de comer!

More articles

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimos artigos